Mauro Cid merece uma pena de prisão mais branda

Por Ricardo Noblat

Se ele não tivesse delatado, a história, hoje, seria outra

Em editorial, a Folha de S. Paulo diz que a investigação sobre o golpe bolsonarista de dezembro de 2022 tem agora, depois dos depoimentos do ex-comandante do Exército e do ex-comandante da Aeronáutica, “elementos bem mais fortes do que a mera delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.”

Mera delação? Sem a “mera delação” os ex-comandantes teriam sido ouvidos pela Polícia Federal e contariam o que contaram? Foi a “mera delação” que tornou isso possível. Mauro Cid delatou porque a Polícia Federal encontrou uma das minutas do golpe na memória do seu celular apreendido, além de referências aos ex-comandantes.

Delatou também para poder conseguir o benefício de uma pena de prisão mais branda. Nunca mais se falou sobre a participação do pai de Mauro Cid, um general da reserva, no episódio da venda e recompra das joias roubadas por Bolsonaro do acervo de presentes dados por governos estrangeiros ao Estado brasileiro.

Dificilmente, Bolsonaro seria preso se Mauro Cid tivesse ficado de bico fechado. Bolsonaro o mataria se pudesse. Mataria também Carla Zambelli e Roberto Jefferson que aprontaram às vésperas das eleições passadas – Zambelli de arma na mão correndo atrás de um negro em São Paulo, Jefferson, no Rio, atirando em agentes federais.

Bolsonaro acha que isso lhe subtraiu preciosos votos no segundo turno das eleições. Pode ser.

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