Prefeito de Santos lamenta morte de menino atingido por bala perdida

São Paulo — O prefeito de Santos, Rogério Santos, usou as redes sociais nessa quarta-feira (6/11) para lamentar a morte do menino de 4 anos que morreu na noite de terça-feira (5/11) após ter sido atingido por uma bala perdida no Morro do São Bento, no litoral de São Paulo. Além de se solidarizar com a família, o político disse que vai acompanhar a apuração do caso (veja abaixo).

“Como prefeito, eu garanto: eu vou exigir e acompanhar que tudo seja apurado. Não podemos mais deixar que essas coisas aconteçam. É lamentável”, disse no vídeo.

Veja:

“Eu queria começar o dia dando bom dia, mas hoje não dá. A cidade de Santos amanheceu triste. Ontem à noite perdemos uma criança, o Ryan, vítima de violência, uma bala perdida, no Morro do São Bento. A dor dos pais, dos parentes, dos amigos, a gente não tem como acalmar”, também falou Rogério no post.

Morte de Ryan

Um menino de 4 anos morreu após ser atingido por uma bala perdida disparada durante operação policial, na noite dessa terça-feira (5/11), no Morro do São Bento, em Santos, no litoral paulista. Outros dois adolescentes, de 17 e 15 anos foram baleados, o mais velho também morreu na troca de tiros com PMs.

Após ser atingido, o menino Ryan da Silva Andrade Santos chegou a ser levado para a Santa Casa, mas segundo familiares, ele não resistiu aos ferimentos.

A Prefeitura de Santos informou que o Samu foi acionado para o local da ocorrência, porém a criança já havia sido transferida para a unidade de saúde. A ambulância socorreu os dois adolescentes — um deles, levado à UPA Zona Noroeste, não resistiu e também faleceu. O outro foi levado para a Santa Casa.

Veja cenas do confronto:

Em nota ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) lamentou a morte da criança, baleada durante o confronto.

“Os policiais militares faziam patrulhamento em uma área de tráfico de drogas na região quando foram atacados por um grupo de aproximadamente 10 criminosos”, disse a pasta.

A Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos e determinou a realização de perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança, informou a SSP.

Bala que matou menino provavelmente partiu de policial

A bala que matou Ryan provavelmente partiu da arma de um policial militar, afirmou o coronel Emerson Massera, porta-voz da PM de São Paulo, durante entrevista coletiva no Comando Geral da PM (veja abaixo).

“Pela dinâmica da ocorrência, nós temos que, provavelmente, o disparo que atingiu o menino partiu de uma arma de um policial militar. O projétil ficou alojado, nós teremos agora condições de fazer o confronto balístico e, com o resultado da perícia, nós podemos ter essa conclusão 100%. Mas, tudo indica, pela dinâmica da ocorrência e pela forma como o cenário se dispôs, esse disparo provavelmente partiu da arma de um policial”, disse Massera.

Veja:

Pai morto em operação da PM

A criança de 4 anos morta na troca de tiros nessa terça teve o pai morto por policiais militares com tiros de fuzil na mesma região em fevereiro, durante uma ação da Operação Verão.

Leonel Andrade Santos, de 36 anos, tinha uma deficiência na perna e andava de muleta. Apesar disso, os PMs envolvidos na ocorrência, do Comando de Operações Especiais (COE), disseram que ele estava armado e teria atirado. Jefferson Ramos Miranda, de 37 anos, amigo de Leonel, também foi morto. A ação ocorreu na Rua São Mateus, também no Morro do São Bento.

Familiares das vitimas afirmam que, após a execução, os policiais impediram uma equipe de socorro de chegar até os corpos. Segundo os relatos, Leonel e Jefferson foram levados para a Santa Casa de Santos já sem vida.

De acordo com os policiais, Leonel e Jefferson estavam armados e carregando uma sacola e, assim que notaram a presença dos PMs, teriam começado a atirar.

“Mamãe, eu quero morrer”

Ryan dizia que queria morrer para reencontrar seu pai, que foi fuzilado em fevereiro durante a Operação Verão (veja abaixo). A informação foi relatada por Beatriz da Silva Rosa, mãe dele, ao Metrópoles.

Na época da morte de Leonel Andrade Santos, de 36 anos, a reportagem foi ao local exato onde ele e Jefferson Ramos Miranda, de 37, haviam sido mortos. Lá, conversaram com familiares das vítimas, incluindo a viúva de Leonel.

Veja:

Segundo Beatriz, Ryan disse que queria morrer para reencontrar o pai. “Todo dia eu tenho que explicar. Todo dia eles perguntam do pai. Esses dias meu filho mais novo falou: ‘Mamãe, eu quero morrer’. Aí, eu desviei o olhar, tentei conversar de outra coisa para ver se ele se distraía. E ele repetia: ‘Mamãe, olha para mim, eu quero morrer, e tem que ser agora, porque eu quero ver meu pai’. ‘Filho a gente não pode antecipar isso, Deus vai preparar nossa hora e um dia a gente vai rever o papai, mas por enquanto a gente vai ter que caminhar’”.

Câmeras corporais

Os policiais militares envolvidos no confronto no Morro do São Bento, em Santos, que culminou com a morte de um menino de 4 anos na noite dessa terça-feira (5/11), não usavam câmeras corporais. Além da criança, atingida por uma bala perdida, dois adolescentes foram baleados — um deles, de 17 anos, também morreu.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Central de Polícia Judiciária de Santos, os oito policiais militares que participavam da operação disseram que não estavam utilizando as chamadas bodycams. Segundo o coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar, o batalhão do qual eles fazem parte ainda não recebeu os equipamentos.

“Essa ocorrência foi na área do 6º Batalhão de Santos. É um batalhão que ainda não dispõe de câmeras corporais. Na Baixada Santista, nós temos hoje o 21º Batalhão, do Guarujá, e o Baep com câmeras corporais”, disse Massera.

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