Assad: queria “continuar lutando”, mas Rússia fez “evacuação imediata”

O ex-presidente sírio Bashar al-Assad, no primeiro discurso após a queda do regime ditatorial imposto por 24 anos pela família dele, afirmou, nesta segunda-feira (16/12), que deixou o país de forma forçada e em meio a um “intenso” ataque de drones dos rebeldes.

“Minha saída da Síria não foi planejada nem ocorreu durante as horas finais das batalhas, como alguns alegaram. Pelo contrário, permaneci em Damasco, desempenhando minhas funções até as primeiras horas de domingo, 8 de dezembro de 2024. Conforme as forças terroristas se infiltravam em Damasco, mudei-me para Lattakia, em coordenação com nossos aliados russos, para supervisionar as operações de combate”, explicou Assad.

O ditador acrescentou que, “conforme a situação de campo na área continuou a se deteriorar, a própria base militar russa sofreu ataques intensificados por ataques de drones. Sem meios viáveis ​​de deixar a base, Moscou solicitou que o comando da base organizasse uma evacuação imediata para a Rússia na noite de domingo, 8 de dezembro”.

A saída de Assad é uma decorrência da queda do regime ditatorial que estava há 24 anos no poder, no último dia 8, quando rebeldes do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) realizaram ofensiva surpresa que começou em Aleppo, no norte do país, e seguiu ao sul, em direção à capital Damasco, tomando diversas cidades-chave sírias pelo caminho, como Hama e Homs.

“À medida que o terrorismo se espalhava pela Síria e finalmente chegava a Damasco na noite de sábado, 7 de dezembro de 2024, surgiram questões sobre o destino e o paradeiro do presidente. Isso ocorreu em meio a uma enxurrada de desinformação e narrativas muito distantes da verdade, visando reformular o terrorismo internacional como uma revolução de libertação para a Síria”, argumentou Assad.

O ditador destacou que, “em nenhum momento durante esses eventos, eu considerei renunciar ou buscar refúgio, nem tal proposta foi feita por qualquer indivíduo ou partido”, pois “o único curso de ação era continuar lutando contra o ataque terrorista”.

Assad ressaltou, ainda, que, “desde o primeiro dia da guerra, se recusou a negociar a salvação de sua nação por ganho pessoal, ou a comprometer seu povo em troca de inúmeras ofertas e tentações”. Segundo ele, “é a mesma pessoa que ficou ao lado dos oficiais e soldados do exército nas linhas de frente, a poucos metros dos terroristas nos campos de batalha mais perigosos e intensos”.

“É a mesma pessoa que, durante os anos mais sombrios da guerra, não foi embora, mas permaneceu com sua família ao lado de seu povo, enfrentando o terrorismo sob bombardeio e as ameaças recorrentes de incursões terroristas na capital ao longo de 14 anos de guerra. Além disso, a pessoa que nunca abandonou a resistência na Palestina e no Líbano, nem traiu seus aliados que o apoiaram, não pode ser a mesma pessoa que abandonaria seu próprio povo ou trairia o exército e a nação aos quais pertence”, concluiu Assad.

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