Venezuela rompe relações com Paraguai e pede retirada de diplomatas

O governo da Venezuela decidiu romper relações com o Paraguai, a quatro dias da posse presidencial no país ainda cercada de incertezas. A decisão foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do país nesta segunda-feira (6/1).

Em nota, a chancelaria venezuelana criticou as recentes declarações do presidente do Paraguai, Santiago Peña.

No domingo (5/1), o mandatário paraguaio conversou por telefone com o opositor de Maduro, Edmundo González, e a líder de fato da oposição venezuelana, María Corina Machado.

Durante a chamada de vídeo, Peña prestou apoio à González, que promete voltar para a Venezuela e assumir a presidência na próxima sexta-feira (10/1), apesar da Justiça local ter oferecido uma recompensa de US$ 100 milhões por sua captura.

“Durante a nossa conversa, analisamos a situação na Venezuela e concordamos sobre a importância de redirecionar o processo democrático no país. Destacamos também a necessidade de a região se unir para trabalhar pelo respeito absoluto à vontade popular e para evitar que regimes autoritários permaneçam em vigor. Reafirmei o meu apoio à democracia e à vitória de González Urrutia como presidente, lembrando que análises internacionais independentes do processo eleitoral e da contagem dos votos confirmaram a sua ampla vitória nas eleições presidenciais de Julho passado. Expressei o nosso compromisso de continuar a trabalhar em conjunto com a comunidade internacional, não só para reconhecer a sua vitória, mas para contribuir para a rápida restauração da democracia na Venezuela. O Paraguai será sempre um firme defensor da democracia na região e no mundo”, escreveu o presidente do Paraguai no X após a conversa.

A sinalização positiva para a oposição não foi vista com bons olhos para o regime Maduro, que ordenou a retirada de todo o corpo diplomático paraguaio de Caracas.

“Nesse contexto, a República Bolivariana da Venezuela decidiu, no exercício pleno de sua soberania, romper relações diplomáticas com a República do Paraguai, e prosseguir com a retirada imediata do seu pessoal diplomático credenciado neste país”, diz um trecho da nota emitida pela chancelaria venezuelana.

Após a decisão do regime Maduro, o governo do Paraguai adotou o princípio da reciprocidade e ordenou a retirada do embaixador da Venezuela no país, Ricardo Capella, e todo o corpo diplomático em 48 horas.

No comunicado, a administração Peña ainda voltou a defender a vitória de González, e disse que o ex-diplomata é o “presidente eleito” na Venezuela.

Dias após a eleição presidencial na Venezuela, o regime Maduro já havia determinado a expulsão do corpo diplomático da Argentina, Chile, Costa Risca, Peru, Panamá, República Dominicana e do Uruguai. Todos os governos contestaram a sua polêmica vitória no pleito.

A posse presidencial na Venezuela está prevista para o próximo dia 10 de janeiro, com Maduro e González prometendo assumir o Palácio de Miraflores.

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