Família de Trump, que falou em ‘Riviera’ em Gaza, tem investimentos milionários no Oriente Médio

 

Conforme o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona por um novo plano para tomar o controle da Faixa de Gaza e limpar uma área que abriga cerca de dois milhões de pessoas, ele quer que os EUA se envolvam de uma maneira muito mais profunda em uma região onde ele tem uma longa lista de interesses imobiliários e comerciais.

O Oriente Médio se tornou, nos últimos três anos, na região de maior interesse para a família Trump em termos de novos acordos imobiliários, na maior parte relacionados à venda da “marca” Trump para impulsionar empreendimentos, campos de golfe e hoteis, em troca de algumas dezenas de milhões de dólares.

Acordos recentes foram assinados com uma empresa saudita chamada Dar al-Arkan, ligada à família real do país, em empreendimentos em Omã, Arábia Saudita e Dubai. O projeto em Omã, que é o mais avançado, envolve o governo local, uma vez que ele é o dono das terras onde o campo de golfe e um hotel serão construídos. Até o momento, a Organização Trump recebeu US$ 7,5 milhões pelo empreendimento, e dois dos filhos de Trump, Eric e Donald Jr., estiveram recentemente no sultanato.

A família Trump também analisou um potencial acordo em Israel antes dos ataques de 7 de outubro de 2023, e Eric Trump tem dito que pretende esperar até o fim da guerra antes de seguir com o projeto.

Antes da mais recente corrida por acordos no Oriente Médio, a família do presidente já operava, desde 2017, um clube de golfe em Dubai, inaugurado pouco depois do início de seu primeiro mandato. A iniciativa é operada em parceria com o grupo DAMAC, do bilionário Hussain Sajwani, que teria planos para investir bilhões de dólares em centros de processamento de dados nos EUA.

Parceria com a LIV Golf

A família Trump estabeleceu uma relação crucial com a LIV Golf, uma liga profissional do esporte financiada pelo fundo soberano da Arábia Saudita. Em abril, pelo quarto ano seguido, a liga realizará um de seus torneios em um campo de Trump em Miami, e paga pelo uso das instalações. Durante o evento, milhares de pessoas devem frequentar os restaurantes e quartos de hotel da propriedade do presidente.

Investimentos de Jared Kushner

O genro do presidente, Jared Kushner, tem uma empresa de gestão de investimentos chamada Affinity Partners que levantou US$ 4,5 bilhões junto a fundos soberanos da Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, com base em relações que ele cultivou quando era conselheiro de Trump em seu primeiro mandato. Kushner, que diz não ter planos para voltar à Casa Branca, também investiu em duas empresas israelenses, a Phoenix Holdings, do setor de seguros, e a divisão de veículos da Shlomo Holdings — um de seus sócios na empresa também tem participação no setor industrial-militar de Israel.

Foi de Kushner a sugestão, no ano passado, de considerar a Faixa de Gaza como um potencial local para investimentos imobiliários, afirmando que as propriedades na beira do mar seriam “muito valiosas”. Na ocasião, afirmou que Israel poderia “retirar as pessoas dali e limpar tudo”.

O que Trump propôs para Gaza

O presidente americano disse na terça que os EUA deveriam assumir o controle de Gaza e realocar permanentemente toda a população palestina do enclave. Ele sugeriu que o reassentamento deveria ser similar aos projetos imobiliários que marcaram sua carreira antes da política, com a construção de “lugares realmente bons” para os civis.

— Todo mundo com quem conversei amou a ideia de os EUA ocuparem aquele pedaço de terra — disse Trump, afirmando que a iniciativa “desenvolveria e criaria milhares de empregos com algo que seria incrível”.

Nesta terça-feira, assessores de Trump recuaram em algumas de suas declarações, com a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karolien Leavitt, afirmando que “o presidente não se comprometeu com o emprego de tropas em Gaza”.

Fonte: O Globo

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