Milhares de mensagens automatizadas começaram a circular em mais de 100 mil grupos públicos no WhatsApp na última quarta-feira (30), por volta das 6h, com o objetivo de associar a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, à crise no INSS. A ação ocorreu um dia após a Mesa Diretora da Câmara recomendar a suspensão do deputado bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES) por quebra de decoro parlamentar.
Durante uma sessão, o deputado ofendeu a ministra, chamando-a de “prostituta” e mencionando o codinome “Amante”, presente na lista da Odebrecht entregue à Lava Jato. Contudo, Gleisi foi absolvida por unanimidade pelo STF em 2018.
Mensagens distorcidas e falsas circulam no WhatsApp
Após a possível suspensão de Gilvan no Congresso, uma série de mensagens foi difundida, resgatando links de 2016 para insinuar que a ministra estaria envolvida em esquemas de corrupção com o INSS. Esses links se referem a uma investigação sobre a empresa Consist, ainda em tramitação no STF, mas que nada tem a ver com a crise atual que culminou na queda de Carlos Lupi, ministro da Previdência.
As mensagens foram organizadas para conectar artificialmente os dois casos, sugerindo que os desvios eram contínuos e apontando Gleisi como uma figura central. Em seguida, surgiram declarações alegando que a ministra seria contra a demissão de Lupi por querer “continuar roubando”.
Vídeo antigo é compartilhado como se fosse atual
Mais tarde, outro conteúdo se espalhou: um vídeo gravado em 2017 em que uma mulher hostiliza Gleisi dentro de um avião, acusando-a de corrupção e de roubo do dinheiro dos aposentados. O vídeo, no entanto, foi compartilhado como se fosse recente, sem mencionar sua data real. Em 2019, a autora da hostilização foi condenada a pagar indenização por danos morais à ministra.
Narrativa distorcida transforma deputado em “herói”
Em seguida, começaram a circular manchetes alegando que Gilvan seria suspenso por chamar Gleisi de “amante”, omitindo o uso do termo “prostituta”, que foi o foco da acusação de quebra de decoro. A omissão distorce o sentido da sanção e faz com que o deputado seja retratado como vítima de censura por, supostamente, “denunciar a corrupção”.
A construção dessa narrativa segue o padrão típico de campanhas de desinformação, onde não se faz uma acusação direta, mas organiza-se um conteúdo que sugere uma história sem afirmá-la de forma explícita.
A notícia Robôs disparam ataques a Gleisi Hoffmann no WhatsApp após fala de Gilvan apareceu primeiro em Diário Carioca.