São Paulo – A Advocacia-Geral da União (AGU) incluiu seis empresas e os oito sócios das companhias na ação cautelar ajuizada na quinta-feira (8/5). Entre os alvos estão Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e Eric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios da autarquia André Fidelis, responsável por autorizar dezenas de entidades para descontar aposentadorias.
A nova lista da AGU foi divulgada na noite de sexta-feira (10/5) e pede a indisponibilidade dos bens e ativos financeiros dos 14 novos alvos, além do bloqueio das atividades financeiras e dos sigilos bancários dos investigados. Até então, a ação abrangia somente 12 entidades associativas envolvidas no escândalo.
Empresa do “Careca do INSS”
Uma das empresas incluídas na investigação, Acca Consultoria Empresarial, é uma sociedade de Milton Salvador de Almeida, Antonio Carlos Camilo Antunes, lobista conhecido como o “Careca do INSS” pela influência que tem na autarquia, e seu filho Romeu Carvalho Antunes, cujo a casa foi alvo de busca e apreensão no último dia 23.
A Acca é apenas uma das várias empresas do Careca que compõem a teia que recebeu recursos de entidades e pagou propina a servidores públicos. Segundo a Polícia Federal (PF), ela recebeu R$ 4 milhões de entidades associativas investigadas na farra do INSS.
Familiares de servidores
Outros dois novos alvos da AGU são Eric Fidelis e seu escritório de advocacia. Entre a pessoa física e jurídica, ele recebeu mais de R$ 5,1 milhões de entidades associativas, conforme a investigação da PF. A banca de advocacia de Eric também foi alvo de busca e apreensão em abril, durante a Operação Sem Desconto.
Uma das transferências atípicas identificadas pela PF foi o entre dois escritórios de advocacia, de Eric Fidelis e Cecília Rodrigues Mota. Ela enviou mais de R$ 520 mil ao escritório do filho do ex-diretor do INSS entre novembro de 2023 e abril de 2024.
Ex-presidente de associações envolvidas na fraude, Cecília também foi incluída na ação da AGU, além de seu escritório. Assim como o “Careca do INSS”, ela também é ligada a várias empresas que fizeram transferências a familiares de servidores do INSS.
A Polícia Federal levantou que Cecília e suas empresas receberam R$ 14 milhões na farra. Além disso, o escritório de advocacia dela é apontado como o principal remetente de recursos ao ex-procurador do INSS, Virgílio Oliveira Filho.
A irmã de Virgilio, Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira, recebeu R$ 630,6 mil do escritório de Cecília em cinco meses – no mesmo período em que ela fazia repasses ao filho do ex-diretor de benefícios do INSS.
A lista com novos alvos da Advocacia-Geral da União inclui, ainda, a empresa Arpar Administração, Participação e Empreendimento S.A e seu sócio Rodrigo Moraes. Conforme a PF, a Arpar pagou R$ 49,1 milhões a empresas do “Careca do INSS”. A empresa também fez vários repasses e a principal destinatária foi a WM System Informática LTDA, que recebeu R$ 14,5 milhões da Arpar.
A WM System Informática e seu sócio Anderson Claudino de Oliveira também foram incluídas na ação da AGU contra os envolvidos na fraude do INSS.
A farra do INSS
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.