O exame de sangue para diagnóstico de Alzheimer acaba de receber aprovação nos Estados Unidos, tornando-se o primeiro método deste tipo disponível para identificar a doença. Desenvolvido pela empresa japonesa Fujirebio Diagnostics, o teste mede a proporção de duas proteínas relacionadas ao Alzheimer no sangue, permitindo que pacientes iniciem o tratamento mais cedo e obtenham melhores resultados. A aprovação representa um avanço significativo para os mais de 55 milhões de pessoas que sofrem com a doença em todo o mundo, especialmente por oferecer uma alternativa menos invasiva aos métodos tradicionais.
O teste sanguíneo aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, na última sexta-feira (16/5), é destinado a pacientes adultos com 55 anos ou mais que já apresentem sinais e sintomas da doença. A inovação promete revolucionar o diagnóstico do Alzheimer ao torná-lo mais acessível, rápido e confortável para os pacientes, eliminando a necessidade de procedimentos mais complexos e invasivos que eram as únicas opções disponíveis até então.
A ferramenta diagnóstica recebeu elogios do comissário da FDA, Martin A. Makary, que destacou sua importância em comunicado oficial: “O Alzheimer afeta muitas pessoas, mais do que o câncer de mama e o câncer de próstata juntos. Sabendo que 10% das pessoas com 65 anos ou mais têm Alzheimer, e que até 2050 esse número deve dobrar, tenho esperança de que novos produtos médicos como esse ajudem os pacientes”.
Funcionamento e benefícios do novo método diagnóstico
O novo método diagnóstico ataca um dos maiores desafios relacionados ao Alzheimer, doença neurodegenerativa progressiva que destrói lentamente a memória, as habilidades de pensamento e a capacidade de realizar tarefas cotidianas. A condição se agrava com o tempo, comprometendo gradualmente a qualidade de vida dos pacientes e impondo um peso significativo sobre familiares e cuidadores, que muitas vezes precisam dedicar atenção integral aos afetados nos estágios mais avançados.
A inovação médica surge como alternativa às tomografias por emissão de pósitrons (PET) do cérebro, método tradicional para identificar placas amiloides, um sinal característico da doença. O procedimento laboratorial simplifica drasticamente o diagnóstico, já que os exames PET são caros, demorados e expõem os pacientes à radiação, criando barreiras significativas para o diagnóstico precoce, especialmente em regiões com recursos limitados ou para pacientes com dificuldades de locomoção.
Precisão e acessibilidade do exame sanguíneo
O recurso aprovado pela FDA funciona medindo as proteínas pTau217 e β-amiloide 1-42, encontradas no plasma humano, e calculando a proporção entre elas. O resultado obtido revela a presença ou ausência de placas amiloides no cérebro do paciente, reduzindo significativamente a necessidade do exame PET ou da punção lombar, procedimentos mais invasivos e desconfortáveis. Esta abordagem representa um avanço considerável na democratização do acesso ao diagnóstico, potencialmente beneficiando milhões de pessoas.
O teste desenvolvido pela Fujirebio demonstrou alta precisão nos estudos clínicos que avaliaram sua eficácia. Os dados revelam que 91,7% dos indivíduos com resultados positivos para a razão das duas proteínas também tiveram as placas amiloides identificadas na tomografia por emissão de pósitrons ou no exame de punção lombar. Ainda mais impressionante, 97,3% dos indivíduos com resultados negativos apresentaram um resultado negativo nos métodos tradicionais, confirmando a confiabilidade do novo exame.
O exame de sangue para Alzheimer representa um marco na história do diagnóstico da doença, oferecendo esperança para milhões de pacientes e suas famílias. Com sua aprovação, espera-se que o acesso ao diagnóstico precoce se torne realidade para muito mais pessoas, permitindo intervenções mais rápidas e eficazes. À medida que a população mundial envelhece e os casos de Alzheimer aumentam, inovações como esta se tornam essenciais para enfrentar um dos maiores desafios de saúde pública do século 21.