Sinal de suposta tecnologia alienígena era apenas um caminhão

Parece que as esférulas encontradas por Avi Loeb e sua equipe no fundo do Oceano Pacífico, em Papua Nova Guiné, não eram fragmentos do objeto interestelar chamado IM1. Segundo um novo estudo, as ondas sonoras usados para identificar o local de queda do meteorito foram, na verdade, produzidas por um caminhão.

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Há quase dois anos, os pesquisadores Amir Siraj e Avi Loeb identificaram um candidato a objeto interestelar que teria atravessado a atmosfera terrestre. Um memorando publicado por oficiais do Comando Espacial dos Estados Unidos (USSC) confirmou que, considerando as propriedades da trajetória do meteoro, ele veio mesmo de outro sistema estelar.

A bordo de um barco chamado Silver Star, os pesquisadores partiram em uma jornada pelo Oceano Pacífico em busca dos restos do meteorito. Em junho de 2023, Loeb anunciou que sua expedição havia encontrado centenas de esférulas minúsculas que poderiam ser fragmentos do objeto.


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Para guiar a expedição em busca do IM1, a equipe de Loeb usou sinais de ondas sonoras que pareciam serem provenientes de uma bola de fogo produzida pela queda do meteorito. Seguindo essa pista, eles determinaram uma ilha ao norte da Papua Nova Guiné, chamada Manus, como ponto de impacto do visitante interestelar.

Agora, um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade Johns Hopkins revelou que essas ondas sonoras provavelmente eram vibrações de um camião que passava por uma estrada próxima do litoral. Essa descoberta coloca dúvidas de que as esférulas encontradas sejam materiais do meteorito.

Região próxima do local onde as esférulas foram encontradas, destacando o sismógrafo e a estrada por onde o caminhão teria passado (Imagem: Reprodução/Roberto Molar Candanosa/Benjamin Fernando/Johns Hopkins University/Cnes/Airbus/Google)

O sismólogo Benjamin Fernando, líder da equipe que anunciou a descoberta, disse que “o sinal mudou de direção ao longo do tempo, correspondendo exatamente a uma estrada que passa pelo sismógrafo”.

Ele ainda afirma que é possível “mostrar que existem muitos sinais como este com todas as características que esperaríamos de um caminhão e nenhuma das características que esperaríamos de um meteoro”. A equipe de Fernando usou dados de estações instaladas para detectar ondas sonoras provenientes de testes nucleares.

A boa notícia é que os autores deste estudo identificaram uma localização mais provável para o meteorito interestelar, a mais de 160 km da área que foi alvo da tripulação a bordo do Silver Star. A má notícia é que, segundo a equipe, as tais esférulas recuperadas do fundo do oceano eram detritos de meteoritos comuns misturados com contaminação terrestre.

Pedaços de nave alienígena?

Apesar de suas contribuições importantes para a astrofísica no passado, Avi Loeb se tornou mais conhecido na mídia por suas polêmicas: ele afirmou em incontáveis ocasiões que as esférulas encontradas no oceano poderiam ser vestígios de uma nave alienígena.

Estes materiais são esferas minúsculas compostas por uma liga metálica que, segundo Loeb, seria inigualável a qualquer outra existente em nosso Sistema Solar. Ele não apenas anunciou as esférulas como remanescentes do IM1, como alardeou as hipóteses sobre se tratar da primeira evidência sólida de seres interestelares.

Uma das esférulas encontradas no Oceano Pacífico observada em um microscópio (Imagem: Reprodução/Abraham Loeb et al.)

Na comunidade científica, essas alegações não são muito bem vistas, já que não há evidências concretas. Além disso, o modo como a abordagem de Loeb chamou a atenção da mídia não é visto com bons olhos por seus colegas. Um estudo publicado no final de 2023 afirmou que as tais esférulas eram apenas resíduos de materiais industriais terrestres.

Para Fernando, “o que quer que tenha sido encontrado no fundo do mar não tem nenhuma relação com este meteoro [o IM1], independentemente de ser uma rocha espacial natural ou um pedaço de uma nave espacial alienígena”.

A equipe de Fernando vai apresentar as descobertas em 12 de março na Conferência de Ciência Lunar e Planetária em Houston.

Leia a matéria no Canaltech.

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