Consumo de álcool entre animais é mais comum do que se pensava, aponta estudo

Animais que comem frutas ficam mais inebriados pelo álcool e com mais frequência do que o imaginado, concluiu uma revisão publicada neste mês no período científico Cell Press.

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Realizada por cientistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra, a pesquisa aponta que o etanol provavelmente é consumido de maneira regular pela maioria dos animais que possuem vegetais em suas dietas, uma vez que está presente em quase todos os ecossistemas.

Até então, a “bebedeira” era tida como acidental e rara, sendo mais frequentemente relatada em grandes primatas e musaranhos-das-árvores (pequeno mamífero similar a um camundongo). No entanto, até mesmo pássaros e larvas de moscas podem sofrer os efeitos adversos da fermentação — e se beneficiar deles. 


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Isso porque, segundo os cientistas, o consumo de etanol pode trazer benefícios para animais selvagens. O mais óbvio se deve à alimentação, já que as frutas fermentadas são calóricas e fornecem bastante energia. Além disso, como o processo da fermentação produz um odor muito característico, esse fator pode guiar os animais mais facilmente às fontes de alimento.  

Já o efeito benéfico do etanol é sentido pelas moscas-das-frutas, que intencionalmente colocam seus ovos em locais que contêm etanol para proteger seus ovos de parasitas. E esse ciclo não para por aí. Depois que os ovos eclodem, as larvas aumentam sua ingestão de etanol para se proteger das vespas que as parasitam.

Apesar de tudo isso, ainda são necessários mais estudos para entender se o consumo é intencional e qual o impacto no organismo e na evolução animal, já que ficar manguaçado nunca é benéfico.

“De uma perspectiva ecológica, não é vantajoso estar embriagado enquanto você sobe nas árvores ou está cercado por predadores à noite”, disse em comunicado à imprensa um dos autores do estudo, Matthew Carrigan.

Álcool no ecossistema

O etanol se tornou abundante na Terra pela primeira vez há cerca de 100 milhões de anos, quando as plantas com flores começaram a produzir néctar açucarado. Esse processo fez com que surgissem frutas que os fungos podiam fermentar.

Reprodução/ Kimberley Hockings

Na natureza, as frutas fermentadas naturalmente atingem apenas 1% ou 2% de álcool por volume, similar a kombucha alcoólica, que também é fermentada naturalmente. Porém, concentrações tão altas quanto 10,2% (o equivalente a vinhos brancos e rosês) foram encontradas em frutas de palmeira maduras no Panamá.

 

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