Antivacina, Kennedy Jr. é nomeado para chefiar Saúde do governo Trump

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou Robert F. Kennedy Jr., sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, como secretário da Saúde de sua nova administração. Kennedy Junior é conhecido por ser antivacina.

O sobrinho do ex-presidente dos EUA afirmou que as vacinas causam autismo e, mais recentemente, fez uma série de alegações controversas sobre saúde, como dizer que o wi-fi causa “perda de sangue no cérebro”.

Ao anunciar a indicação, Trump disse estar “emocionado em anunciar Robert F. Kennedy Jr. como secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS). Por muito tempo, os americanos foram esmagados pelo complexo industrial de alimentos e empresas farmacêuticas que se envolveram em engano, desinformação e desinformação quando se trata de saúde pública”.

“A segurança e saúde de todos os americanos é o papel mais importante de qualquer administração, e o HHS desempenhará um grande papel em ajudar a garantir que todos sejam protegidos de produtos químicos nocivos, poluentes, pesticidas, produtos farmacêuticos e aditivos alimentares que contribuíram para a esmagadora crise de saúde neste País. O sr. Kennedy restaurará essas agências às tradições da pesquisa científica padrão ouro e faróis de transparência, para acabar com a epidemia de doenças crônicas e tornar a América grande e saudável novamente!”, escreveu Trump em sua rede Truth Social.

Trump e Kennedy Jr

Robert F. Kennedy Jr., no dia 23 de agosto, após anunciar a suspensão de sua campanha, declarou apoio a Donald Trump. O movimento foi recebido com grande surpresa, pois além de fazer parte de uma família tradicionalmente democrata, ele ficou conhecido na política norte-americana por sua postura ambientalista.

Kennedy trabalhou por anos como advogado, no combate nos tribunais contra poluidores. Mesmo assim, declarou apoio a Trump, que é conhecido por ser um negacionista do clima e “inimigo” do meio ambiente. O novo secretário de Saúde dos EUA chegou a afirmar que o republicano foi o “melhor presidente ambiental da história americana”.

Donald Trump convidou Kennedy para participar de um comício de campanha em Glendale, Arizona, onde foi recebido ao som da multidão gritando “Bobby! Bobby!”. Em breve discurso no comício, Kennedy disse que Trump “tornaria a América saudável novamente e os protegeria contra o totalitarismo”.

Em retribuição, Trump disse que o pai de Kennedy, o ex-procurador geral dos EUA, Bob Kennedy, e o tio, o ex-presidente dos EUA John Kennedy, “estão olhando para baixo agora e estão muito, muito orgulhosos de Bobby”.  Tanto Bob como seu irmão John foram brutalmente assassinados nos anos 1960.

“Estou orgulhoso de Bobby”, complementou o republicano.

À época em que o apoio de Kennedy foi anunciado, a discussão sobre o papel que ele assumiria em uma suposta vitória de Trump surgiu e o ex-presidente sugeriu que criaria um painel governamental de especialistas para trabalhar com Kennedy na investigação de problemas de saúde infantil nos EUA. Promessa cumprida.

A decisão de apoio a Trump foi ainda mais surpreendente, pois Kennedy Jr. já chamou o ex-presidente de “provavelmente um sociopata”, “quase humano” e “o pior presidente de todos os tempos”, em mensagens de texto obtidas pela revista New Yorker.

Em 2020, Kennedy chamou publicamente Trump de “valentão” e disse que ele havia “desacreditado o experimento americano com autogoverno”.

Trump também não poupou ataques contra Kennedy. Em uma publicação na Truth Social, chamou o recente apoiador de “um dos lunáticos mais liberais a concorrer a um cargo”.

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comício republicano em Atlanta

Kennedy Jr. e Trump
Jennedy Jr.
Trump recebendo Kennedy no comício
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Kennedy Jr. discursando

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Kennedy discursando em apoio a Trump

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Kennedy e Trump

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Desde que lançou candidatura independente à presidência, Kennedy Junior realizou diversas falas consideradas absurdas e se envolveu em múltiplas polêmicas. Veja algumas abaixo:

Filhote de urso

No início de agosto, a revista New Yorker revelou um caso sobre a morte de um filhote de urso, há 10 anos. Diante da repercussão, Kennedy Junior admitiu, em um vídeo postado no X, ter abandonado o cadáver do urso no Central Park, em Nova York.

Ele contou que encontrou um filhote de urso morto na beira da estrada, o colocou na parte de trás do carro e tirou uma foto com o cadáver. Depois, encenou a morte do urso em decomposição para parecer um acidente de bicicleta no parque.

“Garoto de igreja”

A babá da família de Kennedy, Eliza Cooney, disse à Vanity Fair, em julho, que ele a agrediu sexualmente em 1998. Cooney alegou que Kennedy tocou em sua perna em uma reunião de negócios e depois apareceu sem camisa em seu quarto para pedir que ela passasse loção em suas costas.

Poucos meses depois, Kennedy “começou a apalpar” Cooney na cozinha. Como resposta, Kennedy chamou o artigo da Vanity Fair de “um monte de lixo” e afirmou não ser “um garoto de igreja”. Ele também comunicou que mandou uma mensagem de texto para Cooney se desculpando.

Verme cerebral

Em abril, o New York Times publicou um depoimento em que Kennedy Junior falou sobre seu divórcio, em 2012. Na ocasião, ele disse ter problemas cognitivos. “Tenho perda de memória de curto prazo e tenho perda de memória de longo prazo que me afeta.”

Após a afirmação, Kennedy contou que realizou exames cerebrais, que indicaram que o problema de saúde foi causado por um verme que “entrou em seu cérebro, comeu uma parte dele e, depois, morreu”.

Churrasco de cachorro

Em julho, a Vanity Fair descobriu uma foto de 2010 em que Kennedy Junior aparece em um churrasco simulando uma mordida em um animal assado. A publicação consultou um veterinário, que afirmou que o animal era um cachorro.

Kennedy negou e disse que a carcaça na foto era de uma cabra.

Alegações duvidosas

Em 2023, enquanto ainda concorria como democrata, Kennedy Jr. afirmou que a radiação wi-fi causava danos cerebrais que levariam a um câncer.

Ainda em junho de 2023, o político disse que produtos químicos na água potável estavam fazendo com que crianças se tornassem trans.

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