O Universo já está em sua sexta e última era, entenda

Nosso universo, com cerca de 13,8 bilhões de anos, pode ter sua história dividida em várias etapas. Para os astrofísicos, no entanto, destacam-se seis eras principais, e atualmente estamos na última antes que tudo se transforme em um grande vazio gelado. Nessa matéria, você descobrirá cada uma dessas eras e entenderá por que já estamos vivendo a etapa final.

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O universo está em constante expansão, influenciando a densidade de matéria, radiação, neutrinos e energia escura. Essa expansão altera a temperatura e a aparência do céu ao longo do tempo e, a longo prazo, modifica a própria estrutura do cosmos. O processo, iniciado no Big Bang, pode ser dividido em seis eras distintas, com a atual sendo a última.

À medida que o universo se expande, a densidade de matéria e radiação diminui, enquanto a densidade de energia escura — a responsável pela expansão acelerada — permanece constante. Isso ocorre porque ela é inerente ao próprio espaço. 


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Durante o Big Bang, o universo estava em seu estado mais denso e quente possível, esfriando e se tornando menos denso ao longo do tempo. Isso permitiu a formação de átomos, estrelas e galáxias. 

Quando Edwin Hubble observou o afastamento das galáxias, em 1929, os astrônomos concluíram que o universo estava se expandindo. Em 1998, descobriu-se que a expansão estava acelerando, levando ao conceito de energia escura, responsável por essa aceleração.

Se a energia escura continuar reinando no universo, as estruturas gravitacionalmente ligadas permanecerão juntas, mas outras se afastam eternamente, ficando irremediavelmente isoladas. Essa é a Era da Energia Escura, e já estamos nela.

As eras do universo

As seis eras do universo são: 

  • Era inflacionária 
  • Era da Sopa Primordial 
  • Era do plasma 
  • Era da Idade das Trevas 
  • Era estelar 
  • Era da Energia Escura 

Usando as leis da física e comparando com as observações, os cientistas podem traçar a história do universo desde o Big Bang até seu futuro distante e destino final — embora o fim do cosmos ainda seja um assunto debatido, com cinco principais possibilidades.

Ilustração da expansão acelerada do universo a partir de uma era específica (Imagem: Reprodução/ Alex Mittelmann/Coldcreation/Wikimedia Commons)

As primeiras eras do universo foram breves, pois o cosmos era mais denso e as interações entre partículas transformavam matéria e energia de forma acelerada. Em contraste, a era atual pode se estender indefinidamente.

Vamos conhecer um pouco de cada um desses períodos.

Era inflacionária 

O Big Bang não foi o primeiro evento do universo, mas sim a inflação cósmica — uma expansão exponencial devido a uma forma de energia inerente ao espaço. 

Essa fase expandiu o cosmos para um estado quase plano, transformando as flutuações quânticas em sementes da estrutura cósmica atual. Quando a inflação terminou, há 13,8 bilhões de anos, essa energia foi convertida em partículas e radiação, iniciando o Big Bang quente.

Era da Sopa Primordial 

Altas temperaturas daquele universo muito jovem permitiam a criação espontânea de partículas, antipartículas e partículas instáveis, formando uma sopa primordial. No entanto, apenas estados específicos ou partículas conseguiam emergir dessas condições.

Mapa da história do universo com foco nas primeiras eras; a era da energia escura começa apenas na última etapa representada na imagem (Imagem: Reprodução/CERN)

À medida que o universo esfriou, a criação de pares partícula-antipartícula mais massivos se tornaram mais difíceis. Entre 1 a 3 segundos após o Big Bang, a antimatéria foi aniquilada, deixando apenas a matéria que conhecemos. 

De 3 a 4 minutos, ocorreu a nucleossíntese dos elementos leves, e o cosmos se tornou um plasma ionizado de fótons, neutrinos, núcleos atômicos e elétrons. 

Era do plasma 

Na Era do Plasma, os núcleos leves (prótons positivos e nêutrons) se formam, equilibrados por uma quantidade equivalente de elétrons. No entanto, os núcleos foram amplamente superados por fótons, o que impediu que se combinassem com os elétrons para formar átomos.

Apenas quando o Universo esfriou o suficiente, as transições atômicas foram permitidas e os átomos neutros puderam se formar. Durante essa fase, a radiação domina, mas, ao final, a matéria normal e escura se tornam predominantes, cerca de 380.000 anos após o Big Bang.

Era da Idade das Trevas 

Na Era das Trevas, com a formação de átomos neutros, a gravitação começa a estruturar o universo, mas a luz visível fica bloqueada por esses átomos (especialmente aqueles na forma de poeira cósmica).

Segundo este infográfico, a reionização ocorre até 1 bilhão de anos apó o Big Bang (Imagem: Reprodução/SG Djorgovski et al./Caltech/Caltech Digital Media Center)

Essa escuridão só foi dissipada após a reionização do universo, que ocorreu com a formação de estrelas que começaram a emitir fótons ultravioleta. Esse processo começa cerca de 200 a 250 milhões de anos após o Big Bang.

Era estelar 

Aqui, estruturas como estrelas, galáxias e a teia cósmica começam a se formar e se tornam observáveis, enquanto a matéria escura e a matéria normal ainda dominam a energia do universo. 

A formação de estrelas atinge seu pico cerca de 3 bilhões de anos após o Big Bang, com galáxias se formando, crescendo e fundindo. No entanto, à medida que o gás disponível diminui, a taxa de formação de estrelas começa a cair.

Era da Energia Escura 

Com a expansão do universo, a energia escura finalmente se torna dominante, começando a afastar galáxias distantes mais rapidamente. Esse processo marca o fim da Era Estelar e o início do reinado da energia escura, por volta de 7,8 bilhões de anos após o Big Bang.

A expansão acelerada impede a formação de novas estruturas, ou seja, os objetos que ainda não estavam ligados gravitacionalmente se afastarão cada vez mais, resultando em uma existência isolada. 

Uma representação do espaço-tempo do Big Bang até os dias atuais; a expansão comandada pela energia escura reina em nossa era (Imagem: Reprodução/Nasa)

Por outro lado, as galáxias ligadas pela gravidade acabarão se fundindo para formar uma gigante galáxia elíptica incapazes de formar novas estrelas. As estrelas existentes morrerão, e as interações gravitacionais farão com que muitas sejam ejetadas para o espaço intergaláctico. 

Os planetas também cairão em espiral rumo aos remanescentes de suas estrelas mortas, e até os buracos negros irão decair, em um processo que durará muitos e muitos bilhões de anos.

No final, o universo estará repleto de estrelas anãs negras, isto é, cadáveres estelares que não emitem mais radiação, espalhadas em um cosmos vazio e em constante expansão. Embora haja outros possíveis finais para o universo, como a hipótese do Big Crunch, a tendência é que a energia escura prevaleça para sempre e transforme o cosmos em um grande cemitério completamente escuro.

A energia escura começou a influenciar a expansão do universo há 6 bilhões de anos, e atualmente é o principal mecanismo que impulsiona a evolução do nosso cosmos rumo ao cenário de completa escuridão. Já estamos vivendo nesta era, então nenhum ser vivo no universo verá o espaço se tornar denso outra vez.

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