Áudios revelam conspiração golpista envolvendo militares de alta patente

Brasília – Áudios exclusivos obtidos pelo programa Fantástico expuseram detalhes de um plano golpista organizado por militares de alta patente após o segundo turno das eleições de 2022.

A investigação da Polícia Federal (PF) apontou o general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário da Presidência, como líder do esquema, que incluía ameaças diretas à democracia e a líderes políticos eleitos.


Declarações inflamadas em grupos de militares

Em um dos 55 áudios analisados, atribuídos a Mário Fernandes, o general afirma: “Qualquer solução, caveira, tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, sem quebrar cristais.”

Outro áudio revela sua insatisfação com o processo eleitoral: “Tá na cara que houve fraude. Tá na cara. Não dá mais pra gente aguardar essa p…”.

A insatisfação se estendia a outros membros do grupo. Um oficial não identificado declarou estar “pronto a morrer” por uma ação enérgica, enquanto outro sugeriu reuniões exclusivas para planejar os atos: “O presidente tem que fazer uma reunião com o petit comité. Esse pessoal acima da linha da ética não pode estar nessa reunião. Tem que ser a rataria.”


Ligações com os acampamentos em frente a quartéis

A PF descobriu que os acampamentos montados perto de quartéis em 2022 faziam parte de uma estratégia organizada por militares.

O general Fernandes teria mantido contato frequente com esses grupos para prolongar as manifestações e incentivar ações mais agressivas.

Em um áudio, Fernandes menciona uma conversa com o então presidente Jair Bolsonaro sobre possíveis ações antes do fim do mandato: “Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição? Qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro.”


Ataques em Brasília e vazamento de informações sigilosas

No dia 12 de dezembro, mesmo dia citado por Fernandes, manifestantes tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília e incendiaram veículos na região.

Entre os áudios analisados, o agente da PF Wladimir Matos teria compartilhado informações sobre a segurança de Lula e sua localização, facilitando as ações do grupo.


Indiciados pela Polícia Federal

Na última quinta-feira (21), a PF concluiu a investigação, indiciando 37 pessoas. Entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro e figuras de destaque de sua gestão:

  • Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice.
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
  • Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL).
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.

Reações de entidades e instituições

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) publicou nota em apoio às instituições democráticas, pedindo que líderes políticos condenem atos de violência e terrorismo.

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) destacou a gravidade das ameaças e solicitou medidas rigorosas contra os envolvidos.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) reforçou a importância da independência do Judiciário como pilar da democracia.


Entenda, saiba mais tire suas dúvidas sobre a trama de Golpe

O que os áudios revelam?

As gravações mostram discussões entre militares e apoiadores do ex-presidente Bolsonaro sobre planos de ação contra a democracia e ameaças a líderes eleitos.

Quem são os principais envolvidos?

O general da reserva Mário Fernandes é apontado como o líder. Outros nomes incluem Walter Braga Netto, Anderson Torres e Jair Bolsonaro.

Qual a gravidade das acusações?

Os indiciados podem responder por crimes contra a democracia, terrorismo e vazamento de informações sigilosas.

O que dizem as instituições?

Entidades como a OAB e a AJUFE pedem ações firmes para proteger a democracia e punir os responsáveis.


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