Ministro da Justiça: “Triunfo expressivo contra o crime organizado”

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou em entrevista coletiva realizada neste domingo (24/3) que a prisão de suspeitos de mandar matar a ex-vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foi “um triunfo expressivo contra o crime organizado”. O ministro ressaltou que, neste momento, a PF e o MJ têm claro quem são os executores desse “crime odioso, hediondo”.

“A polícia, em suas investigações, identificou os mandantes e os demais envolvidos nessa questão. É claro que poderão surgir mais elementos, mas neste momento, os trabalhos foram dados como encerrados”, disse.

Lewandowski deu a declaração após a Polícia Federal prender três suspeitos de mandar matar Marielle Franco. A Operação Murder Inc. apura os assassinatos da vereadora e do motorista Anderson Gomes e a tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.

Foram presos o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ); o irmão dele, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio; e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa.

O ministro disse ter recebido o inquérito da Polícia Federal, que tem cerca de 500 páginas. “Esse momento é uma vitória do Estado Brasileiro, das nossas forças de segurança do país, com relação ao crime organizado”. Ele ainda citou os nomes de todos os alvos da operação deste domingo:

Chiquinho Brazão (União-RJ), deputado federal;
Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio;
Rivaldo Barbosa,ex-chefe da Polícia Civil do Rio;
Erika Andrade – esposa de Rivaldo Barbosa;
Giniton Lajes  – delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro;
Marco Antônio Barros – comissário de polícia do Rio de Janeiro;
Robson Calixto – assessor do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Segundo Lewandowski, foram determinadas medidas cautelares não só contra os três presos, mas contra os outros envolvidos. Entre elas, estão: congelamento de contas bancárias e acesso ao conteúdo de dados e dispositivos. “Todos vão usar tornozeleiras e estão proibidos de usar dispositivos eletrônicos e de se comunicarem entre si”, disse.


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Segundo o ministro, o trio será transferido ainda neste domingo para a Penitenciária Federal de Brasília, unidade prisional onde está preso o líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Foram cumpridos ainda 12 mandados de busca e apreensão, todos na cidade do Rio de Janeiro. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça.

Fontes da PF e do Ministério da Justiça afirmaram ao colunista Igor Gadelha que a operação foi antecipada para evitar o risco de vazamento. As prisões foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nos últimos dias e tiveram aval da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A ação deste domingo contou com a participação da PGR e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Houve ainda o apoio da Polícia Civil fluminense e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Irmãos Brazão

Chiquinho e Domingos Brazão têm o reduto político e eleitoral em Jacarepaguá, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, historicamente dominado pela milícia.

Chiquinho Brazão foi citado na delação de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco. O político foi vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo MDB por 12 anos, inclusive durante os dois primeiros anos de mandato de Marielle, entre 2016 e março de 2018, quando foi assassinada.

Em 2018, Brazão foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo Avante e, em 2022, foi reeleito pelo União Brasil.


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O crime

Marielle Franco era socióloga e vereadora do Rio de Janeiro. Ela foi morta a tiros na noite de 14 de março de 2018, após participar de um evento para a juventude negra na Lapa, zona central. O ataque aconteceu na Rua Joaquim Palhares, também no centro do Rio.


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Antes da operação da PF deste domingo, apenas os executores do assassinato tinham sido presos: os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz e o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, o Suel.

Élcio confessou que dirigia o Cobalt prata utilizado no crime e afirmou que Ronnie fez os disparos com uma submetralhadora. Ambos assinaram acordo de delação premiada.

Suel monitorou a rotina da vereadora, além de ter ajudado Ronnie Lessa e Élcio Queiroz no desmanche do carro usado no crime e do sumiço das cápsulas da munição.

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