Planejamento financeiro estimula gastos conscientes

A virada do ano se aproxima e com ela várias despesas impactam a saúde financeira das famílias brasileiras. Neste mês de novembro, as promoções de Black Friday estão em alta; em dezembro, as festividades de Natal e Ano Novo, bem como as férias, podem gerar gastos descompensados. Por fim, o novo ano chega com novas despesas, tais como a matrícula e material escolar dos filhos, impostos, entre outros.
De acordo com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em agosto pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o nível de endividamento dos consumidores atingiu 78,5% das famílias brasileiras.
“É claro que o nosso bem-estar deve ser prioridade, mas o endividamento acaba tirando o sono de muita gente, especialmente na virada de ano. Afinal, o recebimento do 13º cria uma sensação de bolso cheio e ajuda a comprometer a relação entre receita e despesa. Assim, o que poderia ser um instrumento para ajudar a sanar problemas, acaba agravando a situação financeira”, comenta o advogado, especialista nas áreas Financeira, Tributária e de Compliance, também CEO do Instituto Carneiro de Estudo e Pesquisa Jurídica (ICEP HUB), Dr. Cláudio Carneiro.

Como resguardar o orçamento doméstico
Segundo Dr. Cláudio, o primeiro passo é elaborar um planejamento financeiro formal, ou seja, saber efetivamente a relação de receita e despesa: o quanto vai entrar (salário, 13º, retirada de dividendo para quem tem empresa ou algum extra) e tudo que vai sair (incluindo os extras como IPTU, IPVA, imposto de renda, material escolar dos filhos, matrículas escolares, despesas com presentes e festas de final de ano, ou encargos com empregados, se for uma empresa). “Orçamento nada mais é do que essa relação de receita versus despesa”, comenta.
Em seguida, o especialista sugere que após ter o planejamento é necessário realizar o gerenciamento desse orçamento doméstico, ou seja, organizar as finanças. “Significa dizer que é possível parcelar algumas contas e outras pagar à vista. Contudo, é muito importante tomar cuidado com o uso dos cartões de crédito. Um ponto crucial é dar atenção prioritária para dívidas pré-existentes como, por exemplo, compras financiadas diretamente nas lojas e o cartão de crédito que é um dos grandes vilões, especialmente se você possui mais de um”, pontua.

Despesas de final de ano
Para aqueles que recebem o 13º salário, a orientação do especialista é utilizar os valores para buscar equilíbrio das finanças. “Por isso, é importante pensar um pouco nas despesas e procurar quitar ou amortizar todas as dívidas pré-existentes, sobretudo com cartões e bancos”, frisa.
Já em relação às despesas do final de ano, Dr. Cláudio ressalta a importância da avaliação e do planejamento. “Por exemplo, ao invés de dar presente para cada membro da família, uma sugestão pode ser criar um ‘amigo oculto’ com valores pequenos, e estabelecer limites de gastos. Ou então, dividir o custo da ceia com os membros da família”, pontua.
Em relação às viagens de férias, a dica também é inserir todos os itens na planilha de gastos. “O mais importante é planejar: incluir tudo no campo de despesa antes de realizar o gasto, ainda que seja com valores estimados após uma rápida pesquisa de campo, bem como estar atento para não relacionar apenas as despesas maiores. Colocar exatamente todos os seus gastos, principalmente os pequenos, é muito importante. Talvez, o valor total mensal de lanches diários em uma cafeteria, por exemplo, possa surpreender”, comenta.
Para quem não abre mão das compras de presentes de Natal, outra orientação é em relação ao tempo: com planejamento e antecedência, é possível realizar pesquisas de preço, buscar promoções, ofertas e comparar preços antes de efetuar as compras. “O segundo aliado é o consumo consciente para evitar compras desnecessárias, desperdícios e arrependimentos. O terceiro, é criar o hábito de manter uma reserva financeira mensal. Se não é possível retirar uma pequena parte da sua receita para despesas da virada do ano, não é preciso se culpar, mas procure inserir essa estratégia para o próximo ano”, indica Carneiro.

Metas
Outro item destacado pelo advogado é em relação a inserção de metas financeiras claras a curto, médio e longo prazo no planejamento financeiro. “Converter os sonhos e planos em metas como, por exemplo: a compra da casa própria ou uma viagem com a família. Significa dizer que, ao planejar os seus sonhos, eles entrarão em uma ordem de prioridade e, quem sabe, podem estar mais perto do que parece”, pontua.
Em relação às metas, outra dica do especialista é a criação de novos hábitos financeiros, em especial nessa fase, onde um novo ano se inicia. “Buscar se organizar de uma maneira efetiva para alcançar as metas e objetivos traçados para 2025 é um bom hábito a ser adotado, afinal, a educação financeira está diretamente relacionada com a tão sonhada qualidade de vida. Dinheiro não é tudo na vida mas, estatisticamente, as pesquisas demonstram que é um dos principais fatores que impedem o nosso bem-estar físico e mental e, portanto, acabam comprometendo o relacionamento familiar e profissional”, complementa Carneiro.

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