Eu bem acho que estamos perdidos (por Edson de Oliveira Nunes)

A moçada que estuda, há décadas (World Values Survey Association), a importância da opinião e atitude das pessoas na criação e sustentação de democracias sólidas, tem trazido evidências importantíssimas.

Em geral, os estudos mostram que valores cívicos e individuais, baseados em liberdade, auto expressão, valores pós-materialistas, são fundamentais para a compreensão do que faz uma sociedade livre.

A participação de massa, no sentido de organizações estruturadas e hierárquicas, movimentos sociais estruturados, com lideranças individuais, eventualmente carismáticas, partidos políticos, ONGs várias, exércitos, burocracias, e coisas assim, indicam conformismo, ajustamento, e normas coletivas e lideranças indiscutíveis.

Aqui no Brasil a gente considera moderna essa coisa da crença coletiva, das ONGs, dos movimentos sociais, das burocracias corporativas e coletivas.

A democracia forte não seria dependente exclusivamente de um conjunto de regras e normas, nem de um conjunto de instituições funcionando adequadamente. Dependeria de indivíduos vocacionados para a liberdade individual, escolha livre, auto determinação.

Essa encrenca de corporativismos, sindicatos, juízes, desembargadores, ONGs, CNBBs, OABs, movimentos dos sem-terra, com terra, com a agro, sem agro, com Sistema S, sem Sistema S, sindicatos, religiões organizadas, igrejas universais, prefeitos religiosos, enfim, códigos organizados de explicação do mundo, corporações variadas, crenças, opiniões coletivas sobre esse ou aquele assassinato, está na contramão do que nós todos precisamos para uma vida moderna.

Escolha, independência e autonomia.

 

Edson de Oliveira Nunes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Berkeley e Autor. Foi Presidente do IBGE, Presidente do Conselho Federal de Educação, pró-Reitor da Universidade Candido Mendes, Secretário Geral do Ministério do Planejamento

Adicionar aos favoritos o Link permanente.