Par de estrelas é encontrado orbitando buraco negro da Via Láctea

Pesquisadores da Universidade de Colônia, na Alemanha, descobriram que há um sistema estelar binário orbitando Sagittarius A*, o buraco negro no coração da nossa galáxia. O titã cósmico fica a cerca de 27 mil anos-luz da Terra e tem diâmetro de 23,5 milhões de quilômetros. 

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Como o nome indica, sistemas estelares binários são formados por duas estrelas orbitando uma à outra. Nosso Sol não está em um sistema do tipo — o que é ótimo! Afinal, se este fosse o caso, haveria outra estrela viajando por nosso sistema, causando perturbações na órbita da Terra e afetando nossa vida por aqui. 

O sistema em questão foi chamado de D9, e as estrelas ali parecem ter apenas 2,7 milhões de anos. Sua descoberta vai ajudar os pesquisadores a entenderem melhor o porquê de algumas estrelas viajarem pelo espaço tão mais rapidamente do que outras. O sistema foi descoberto nos dados do Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul (ESO). 


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Localização da estrela binária D9, que está perto do buraco negro Sagittarius A* (Imagem: Reprodução/ESO/F. Peißker et al., S. Guisard)

É que sistemas binários são bastante comuns no universo, mas nunca foram encontrados perto de um buraco negro supermassivo, com gravidade forte o suficiente para alterar a estabilidade destes sistemas. Agora, a descoberta indica que alguns binários podem, sim, “sobreviver” perto dos buracos negros e do ambiente deles.

Além disso, os cientistas também pensavam que o ambiente perto de um buraco negro supermassivo era tão extremo que impedia a formação de estrelas ali — mas existem estrelas jovens perto de Sagitário A*, ou seja, o processo não é impossível. Já a descoberta de D9 mostra que até pares de estrelas podem resistir às condições extremas por lá.

Mas elas não devem ter nascido ali. E, ao menos que tenham viajado até onde estão no momento, estas estrelas já sobreviveram cerca de um milhão de anos em um ambiente para lá de desafiador. As estrelas do D9 pertencem ao grupo dos aglomerados estelares do tipo S, composto por astros que se movem a velocidades impressionantes devido à imensa gravidade do buraco negro. Os objetos mais intrigantes dos aglomerados S são os chamados “objetos G”, que parecem nuvens de gás e poeira, mas com comportamento das estrelas S. 

É possível que os objetos G tenham sido estrelas binárias no passado, mas acabaram fundidos e deixara para trás uma nuvem de material; portanto, é como se os objetos G fossem uma representação do que aguarda D9 no futuro. Mesmo assim, a natureza dos objetos ao redor de Sagitário A* permanece um mistério, mas os astrõnomos seguem investigando-o mesmo assim. 

“Nossa descoberta nos permite especular sobre a presença de planetas, já que eles geralmente se formam em torno de estrelas jovens”, concluiu Peißker. “Parece plausível que a detecção de planetas no centro galáctico seja apenas uma questão de tempo”, finalizou. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications.

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