Enquanto a imprensa brasileira pouco menciona ou silencia sobre a gravidade da crise cambial e fiscal enfrentada pelo país, o Financial Times, um dos jornais mais influentes do mundo e referência no mercado financeiro, publicou um artigo arrasador sobre o que acontece no Brasil do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No texto publicado nessa quarta-feira (18), analistas e investidores alertam que a desvalorização do real só será contida caso o Banco Central (BC) intensifique suas medidas emergenciais e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva avance com reformas fiscais consistentes.
Segundo o texto, a moeda brasileira já acumula uma queda de 21% neste ano, consolidando-se como a de pior desempenho entre as moedas emergentes no índice do JPMorgan. O real chegou a ser cotado a 6,21 por dólar nesta semana, mesmo após uma intervenção cambial agressiva do Banco Central do Brasil, que já vendeu cerca de US$ 6 bilhões nos últimos dias para tentar conter a depreciação.
A publicação atribui parte da crise cambial às preocupações do mercado com o aumento dos gastos públicos e a trajetória da dívida sob o governo Lula. Mesmo o recente anúncio de cortes de R$ 70 bilhões nos gastos não foi suficiente para acalmar investidores, especialmente após a concessão de isenções fiscais que comprometeram a percepção de compromisso com a disciplina fiscal.
O texto aponta que o Banco Central elevou a taxa Selic para 12,25% na semana passada, acima das expectativas, e sinalizou novos aumentos para 2025. Embora juros mais altos possam atrair investidores estrangeiros e conter a inflação, eles também desaceleram o crescimento da economia brasileira, avaliada em US$ 2,2 trilhões.
De acordo com o Financial Times, o déficit fiscal nominal do Brasil, próximo a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), representa um risco para a sustentabilidade da dívida pública. A publicação cita economistas que classificam o endividamento como “alto” e sustentam que os altos juros reais pagos pelo Brasil reduzem ainda mais o nível sustentável de dívida em comparação a países desenvolvidos.
Fontes: Conexão Brasil e 55investbrasil