Como lança cravada em cegonha ensinou a humanidade sobre a migração das aves

Por muitas centenas de anos, a ciência — em especial a ocidental — não sabia para onde as aves iam durante o inverno, que no hemisfério norte, é mais severo do que no hemisfério sul, em geral. Na antiguidade, Aristóteles e os gregos antigos acreditavam que os pássaros hibernavam durante o inverno e que algumas espécies trocavam de cor para o tempo frio, e a crença seguiu por milênios.

  • Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
  • Pássaro com dois sexos tem um lado do corpo de cada cor
  • Pássaro que se acreditava estar extinto há 140 anos é visto em Papua-Nova Guiné

Por mais que pareçam bizarras atualmente, essas ideias não chegam nem perto das mais estranhas — o cientista Charles Morton, que viveu no séc. XVII, teorizou que os pássaros voavam para a Lua, levando 60 dias a 201 km/h para chegar ao satélite natural. Não é de se espantar que ainda não houvesse o método científico moderno para comprovar a bizarrice.

História e descoberta da migração

Uma outra noção vinda dos povos do passado, citada na Ilíada de Homero e mais estabelecida pelo escritor Plínio, o Velho, diz que os grous viajavam anualmente para o sul para continuar sua guerra contra os “pigmeus” após um breve descanso da carnificina.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

A cegonha-flecha foi o animal que mostrou à ciência como as aves migram no inverno, fugindo do frio no calor de países mais ao sul do mundo (Imagem: Zoologische Sammlung der Universität Rostock)
A cegonha-flecha foi o animal que mostrou à ciência como as aves migram no inverno, fugindo do frio no calor de países mais ao sul do mundo (Imagem: Zoologische Sammlung der Universität Rostock)

A parte esquisita é que Plínio descreveu os pigmeus como pessoas que montavam em ovelhas para atacar os grous e comer seus ovos, diminuindo a população, enquanto as aves os atacariam em retaliação.

O mistério continuou, permeado por histórias como essa, até que, em 1822, um acontecimento na Alemanha mudou a história. Na vila alemã de Klütz, uma cegonha-branca foi observada com uma lança de 76 centímetros cravada em seu pescoço.

Após capturada, descobriu-se que a madeira da arma era africana, confirmando uma viagem de 3.200 quilômetros desde a África, onde o pássaro foi passar o inverno. Retornando à Alemanha naquele verão, ela foi morta e empalhada.

Outras cegonhas igualmente alvejadas seguiram aparecendo, ganhando o nome de Pfeilstorch em alemão (“cegonha da flecha”, em tradução livre). Apesar de ser um evento desagradável para as aves, ele mostrou aos cientistas do passado o que acontecia com as aves todos os invernos — e desmentiu as interessantes, porém absurdas teorias do passado.

Leia também:

  • Este passarinho pré-histórico andava armado até os dentes
  • Este fóssil curioso é de um pássaro híbrido com crânio de dinossauro
  • Cientistas buscam ressuscitar o pássaro dodô após 400 anos

VÍDEO: Maravilhas da Tecnologia: Robô Pássaro

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.