Vulcão misterioso que resfriou o planeta Terra há quase 200 anos é descoberto

É quase um paradoxo pensar que vulcões, com a lava em temperaturas muito elevadas, possam resfriar o planeta Terra, mas este é realmente um dos efeitos colaterais das grandes erupções. Isso ocorre devido aos gases gerados (como o dióxido de enxofre), que refletem a luz solar. Nos anos 1800, um destes eventos derrubou a temperatura em cerca de 1 °C e, somente agora, os cientistas descobriram o local do “vulcão misterioso”, após uma complexa investigação.

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O vulcão misterioso é conhecido como Zavaritskii e está localizado na Ilha Simushir, que é parte do arquipélago das Ilhas Curilas. O ponto extremamente remoto, “escondido” no Oceano Pacífico, está entre a Rússia e o Japão. Até então, a última erupção conhecida tinha ocorrido em 800 a.C.

O mistério sobre qual evento derrubou a temperatura global foi solucionado por uma equipe internacional de cientistas, incluindo o vulcanologista William Hutchison, da Universidade de St. Andrews (Reino Unido). O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).


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Como o vulcão misterioso foi encontrado?

Por causa dos gases sulfurosos eliminados durante a erupção de Zavaritskii, parte da luz solar era refletida antes de chegar no solo, o que provocou o resfriamento do planeta. Inclusive, plantações foram devastadas e a fome se espalhou em áreas mais severamente afetadas, enquanto os gases não eram dissipados (algo que pode demorar), especialmente no Hemisfério Norte. 

Vale observar que o efeito colateral do vulcão misterioso foi uma espécie de geoengenharia solar natural e totalmente acidental, bem diferente do escudo de diamantes que já foi sugerido para reduzir os efeitos do aquecimento global na atualidade.

Erupção de vulcão em 1831 derrubou as temperaturas locais, mas o local onde o fenômeno teria ocorrido era um mistério até agora (Imagem: Oleg Dirksen/Universidade de St. Andrews)

Entretanto, o mais interessante da pesquisa é como o grupo conseguiu identificar qual vulcão entrou em erupção há quase 200 anos, no ano de 1831. Nesta missão, foram investigados núcleos de gelo intocados pelo tempo na Groenlândia, o que permitiu o exame de isótopos de enxofre, grãos de cinzas e pequenos fragmentos de vidro vulcânico.

Em seguida, os fragmentos microscópicos de cinzas extraídos de núcleos de gelo da Groenlândia foram comparados com amostras do vulcão Zavaritskii. Assim, os pesquisadores descobriram uma correspondência perfeita, o que colocou fim ao mistério. “Eu não conseguia acreditar que os dados eram idênticos”, lembra Hutchison, em nota.

Planejando o futuro da Terra

Uma das grandes dificuldades em localizar o vulcão que causou o resfriamento da Terra foi o fato dele ser muito remoto e de que há 200 anos não existiam satélites monitorando as mais diversas variáveis do planeta, 24 horas por dia, como a produção de dióxido de carbono. Hoje, conhecer o efeito tão drástico de algo tão isolado acende um alerta vermelho. 

“Existem tantos vulcões como este, o que aponta para o quão difícil será prever quando ou onde a próxima erupção de grande magnitude poderá ocorrer”, explica Hutchison.

“Como cientistas e como sociedade, precisamos considerar como coordenar uma resposta internacional quando a próxima grande erupção, como a de 1831, acontecer”, acrescenta o cientista. Em tese, o planejamento poderia evitar efeitos tão drásticos e até possíveis crises econômicas ligadas a uma potencial erupção futura.

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