Pesquisa realizada em São Carlos indica que embalagens tecnológicas e sustentáveis para carnes são pouco usadas por açougues e casas de carne

Pesquisa realizada em São Carlos indica que embalagens tecnológicas e sustentáveis para carnes são pouco usadas por açougues e casas de carneASSESSORIA DE IMPRENSA

Pesquisadores da Embrapa têm estudado novos tipos de embalagens, mais especificamente revestimentos comestíveis, para prolongar a vida útil de produtos, agregar valor, reduzir perdas e ser mais sustentável. Já existem no mercado diferentes opções para carnes e produtos derivados que oferecem garantia de qualidade e sustentabilidade, o que tem sido uma tendência no mercado e uma exigência do consumidor.

Uma pesquisa recente, realizada pela Embrapa Pecuária Sudeste, apontou para um distanciamento entre as inovações disponíveis e as que são de fato utilizadas. A falta de conhecimento sobre as novas tecnologias, a resistência por parte de alguns comerciantes e a necessidade de investimentos são alguns dos fatores que contribuem para esse cenário.

A pesquisa realizada com estabelecimentos em São Carlos, no centro do Estado de São Paulo, para caracterizar o uso de embalagens e revestimentos comestíveis para carnes in natura e de derivados, revelou que o uso de embalagens inovadoras para carnes ainda está aquém do esperado, apesar da busca dos consumidores por conveniência, praticidade, segurança alimentar e respeito ao meio ambiente. O estudo, que avaliou açougues e casas de carnes da cidade, constatou que a maioria desses locais ainda utiliza métodos tradicionais como sacos plásticos e bandejas de poliestireno com filme plástico.

Foram entrevistados 24 comércios varejistas, sendo 62,5% casas de carne ou açougues e 37,5% açougues em supermercados. A idade dos estabelecimentos variou de 1,5 a 40 anos e quase metade dos estabelecimentos (45,8%) eram microempresas.

Os sacos plásticos de bobina são as embalagens relatadas como de uso em 87,5% dos estabelecimentos, seguidas de embalagem a vácuo/skin packaging (79,2%) e bandejas poliestireno cobertas com filme plástico (66,7%). As casas de carne/açougues apresentaram maior número e mais avançados perfis de embalagens empregados (termoencolhível, vai ao forno e embalagem a vácuo/skin packaging) em comparação aos açougues em supermercado. Não houve menção a uso de embalagem de atmosfera modificada, sachê absorvente de O2, produtos com IQF (individually quick frozen), embalagem fácil de fechar e abre fácil ou outros mais modernos.

De acordo com a pesquisadora Claudia De Mori, embora embalagens a vácuo tenham se popularizado nos últimos anos, a adoção de tecnologias mais modernas como atmosfera modificada, embalagens inteligentes e revestimentos comestíveis é praticamente inexistente. Essa realidade contrasta com o cenário internacional, em que se observa a progressiva mudança de bandejas de isopor para embalagens sem bandeja.

O trabalho demonstrou que a escolha do invólucro é influenciada pelo tipo de produto, comportamento do consumidor e estratégia do negócio. O armazenamento a vácuo, por exemplo, popularizou-se nos estabelecimentos por aumentar a vida útil da carne e atender à demanda por porções individuais e praticidade.

Para as pesquisadoras que lideraram a investigação, Cláudia De Mori e Renata Nassu, um dos pontos críticos é o desconhecimento generalizado sobre revestimentos comestíveis. “Grande parte dos estabelecimentos nunca utilizou esse tipo de tecnologia e muitos desconhecem sua existência. O empecilho ao uso de revestimentos comestíveis não se limita aos consumidores, mas também está presente entre os comerciantes, o que mostra a necessidade de maior esforço na difusão de informação sobre essa tecnologia”, destaca Claudia De Mori.

Nos últimos três anos, apenas 37,5% dos comerciantes entrevistados adotaram alguma inovação em embalagens, sendo as mais comuns as que podem ir ao forno, as bandejas de poliestireno e a vácuo.

As cientistas defendem a necessidade de ações mais efetivas por parte de órgãos governamentais e dos agentes do setor para ampliar o uso de embalagens mais sustentáveis no Brasil. A divulgação digital, eventos e capacitações são algumas das estratégias que podem contribuir para o alcance deste objetivo. A pesquisa completa pode ser acessada neste link.

Tipos de embalagens utilizadas em carnes e derivados

Embalagens a vácuo/skin packaging: São as mais utilizadas, em 79,2% dos estabelecimentos pesquisados. Elas aumentam o tempo de prateleira do produto, diversificam a oferta, agregam valor e atendem às novas demandas do consumidor por conveniência.

Embalagens em atmosfera modificada: Essa tecnologia, apesar de não ser utilizada pelos estabelecimentos pesquisados, já era empregada em grandes redes de varejo norte-americanas na década de 2000. Elas utilizam diferentes proporções de gases (oxigênio, nitrogênio, gás carbônico) para conservar fresca.

Embalagem ativa: embalagens com elementos (como sachês, incorporação de substância na embalagem ou revestimento, etc.) que tem ação antimicrobiana ou antioxidante ou gerador de dióxido de carbono. Não foi observado na pesquisa.

Embalagem inteligente: monitoram e comunicam informações sobre o conteúdo e o ambiente de um produto com base em substâncias ou dispositivos como etiquetas, tags e adesivos que indicam a origem do produto, tempo-temperatura, frescor ou patógenos, por exemplo.

Revestimentos ou filmes comestíveis: Apesar de nenhum dos estabelecimentos entrevistados utilizar essa tecnologia, são uma opção inovadora para preservar a carne.

Fonte: São Carlos Agora. Leia o artigo original: Pesquisa realizada em São Carlos indica que embalagens tecnológicas e sustentáveis para carnes são pouco usadas por açougues e casas de carne

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