Inflação acumulada do ano vai a 4,83% e estoura o teto da meta em 2024

Os preços de bens e serviços do país avançaram 0,52% em dezembro — o que representa uma alta de 0,21 ponto percentual em comparação a novembro (0,39%). O Brasil tem inflação acumulada de 4,83%, confirmando o estouro da meta em 2024.

Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país —, divulgado nesta sexta-feira (10/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A meta para 2024 é de 3% com variação de 1,5 ponto percentual, sendo 1,5% (piso) e 4,5% (teto). O objetivo é estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Banco Central (BC).

Integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) já teceram críticas à meta de inflação. Entre eles, inclui-se a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Antes da alteração no sistema da meta inflacionária (veja no fim do texto), ela defendeu a mudança do centro da meta, que, na opinião dela, teria sido fixado “irrealisticamente” antes do atual governo Lula.

O que é IPCA:

  • Refletindo o custo de vida e o poder de compra do cidadão brasileiro, o IPCA é calculado desde 1979 pelo IBGE.
  • O IPCA é considerado o termômetro oficial da inflação no país e é usado pelo Banco Central para ajustes na taxa de juros, a Selic.
  • Ele mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.
  • O IPCA tem por meta pesquisar dados nas cidades de forma a englobar 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas no país.
  • O índice pesquisa preços de categorias como transporte, alimentação e bebidas, habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação, comunicação, vestuário, artigos de residência, entre outros.

A inflação no ano para o mercado

Segundo o relatório Focus mais recente, os analistas financeiros apostam que o IPCA fechará o ano em 4,89% e que os preços de bens e serviços do país devem avançar 0,58% em dezembro. Com isso, o índice fecharia acima dos 4,5%.

Além do mercado, o próprio BC, que tem o papel de controlar o avanço da inflação por meio da taxa de juros (a Selic), admitiu que a meta será descumprida em 2024. Em relatório publicado em dezembro, a autoridade monetária informou que a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta de 2024 é de 100% — a estimativa anterior (de setembro) era de 36%.

Para os anos seguintes, o BC elevou as projeções da seguinte forma:

  • 2025: passou de 28% para 50%; e
  • 2026: subiu de 19% para 26%.

Caso a meta seja descumprida, o Banco Central precisa divulgar uma carta aberta ao titular da Fazenda — nesse caso, ao ministro Fernando Haddad — explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária é que faz o controle da inflação, por meio da taxa básica de juros, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias.

Meta contínua

No ano passado, houve mudança na sistemática da meta de inflação, que passou de ano-calendário para meta contínua, definida com três anos de antecedência. Porém, esse modelo só será efetivamente adotado a partir deste ano de 2025.

De 1999 a 2024, a meta se refere à inflação do ano-calendário. Entre 1999 e 2018, o CMN definia em junho a meta para a inflação de dois anos-calendário à frente e, entre 2019 e 2023, para três anos-calendário à frente.

A partir deste mês de janeiro, visando se adequar às melhores práticas e à experiência internacional, a meta passa a se referir à inflação acumulada em 12 meses, apurada mês a mês, conhecida como “meta contínua”.

Por exemplo, em janeiro de 2025, a inflação acumulada em 12 meses é comparada com a meta e seu intervalo de tolerância. Em fevereiro, realiza-se o mesmo procedimento, e assim por diante. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo e não fica mais restrita ao mês de dezembro de cada ano.

Se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, ocorre o descumprimento da meta. A utilização desse período evita a caracterização de descumprimento em situações de variações temporárias na inflação.

Esse é o caso, por exemplo, de um choque em preços de alimentos que faça com que a inflação fique fora do intervalo de tolerância por apenas alguns meses.

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