Comer um tipo de carne vermelha eleva o risco de demência, diz Harvard

De acordo com um estudo da Universidade de Harvard (EUA), comer grandes quantidades de carne vermelha, especialmente em formas processadas, aumenta o risco de demência e de declínio cognitivo. Publicada no periódico médico Neurology na última quarta-feira (15/1), a pesquisa mostrou que dietas ricas nesse alimento estavam associadas às condições cerebrais.

“As diretrizes alimentares tendem a se concentrar na redução de riscos de condições crônicas, como doenças cardíacas e diabetes, enquanto a saúde cognitiva é discutida com menos frequência, apesar de estar ligada a essas doenças”, explicou o autor do estudo, o doutor em ciências Daniel Wang ao portal do sistema de saúde Mass General Brigham.

Dos 133.771 mil indivíduos que tinham uma idade média de 49 anos no início do estudo, 11.173 foram diagnosticados com demência até 43 anos depois. As informações foram extraídas do Nurses Health Study (NHS) e do Health Professionals Follow-Up Study (HPFS), que analisaram os dados de saúde e os estilos de vida dos participantes.

Foto colorida dos tipos de carnes processadas - Metrópoles
Carnes processadas incluem linguiça, bacon, salame, mortadela e salsicha

Especialistas costumam recomendar que o consumo diário de carne vermelha seja de uma porção equivalente ao tamanho da palma da mão. Na pesquisa, consideraram um valor correspondente a 85 gramas.

No estudo da Universidade de Harvard, quem comeu mais que essa quantidade de carnes vermelhas processadas — isto é, duas fatias de bacon, uma fatia e meia de mortadela ou cachorro-quente —  em comparação com quem ingeriu a porção mínima apresentou um risco 13% maior de desenvolver demência.

Foto colorida de carnes processadas - Metrópoles
A carne processada é qualquer tipo de carne que tenha sido transformada por salga, cura, fermentação, defumação e outros processos, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca)

Ao longo da análise, houve a medição da função cognitiva objetiva dos participantes com o uso de avaliações cognitivas padrão. Os estudiosos verificaram que os indivíduos consumidores de maior quantidade de carnes vermelhas processadas tiveram pior desempenho nos testes. Esse grupo apresentou envelhecimento cognitivo acelerado em aproximadamente 1,6 anos.

Segundo o portal Mass General Brigham, os pesquisadores averiguaram o declínio cognitivo subjetivo (SCD) dos participantes em avaliações padrão. Durante o estudo, notaram novamente que o consumo de carnes processadas ou não processadas — a exemplo da bovina, suína e hambúrguer — tiveram um maior risco de declínio cognitivo.

“O risco de SCD aumentou em 14% para aqueles que comiam um quarto ou mais porções de carne processada diariamente em comparação com o grupo de consumo mínimo, e em 16% para aqueles que comiam uma ou mais porções diárias de carne não processada em comparação com aqueles que comiam menos da metade de uma porção”, escreveram em um artigo do portal.

carne vermelha
O consumo de carne não processada também foi analisado pelos estudiosos

Na avaliação do autor da pesquisa, esses resultados tendem a incentivar uma “maior consideração da conexão entre dieta e saúde cerebral. Novos estudos devem ser feitos a fim de explorar fatores que ligam a carne vermelha ao risco de demência, e relacionar as condições de saúde com o funcionamento do microbioma intestinal.

Ao que tudo indica, o teor de gordura saturada e sal da carne vermelha pode prejudicar a saúde das células cerebrais. O estudo pode acionar um botão de alerta, sobretudo para os brasileiros, uma vez que o Brasil costuma estar no top 10 dos países que mais consomem o alimento em todo o mundo.

Para saber mais, siga o perfil de Vida&Estilo no Instagram.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.