Lucro cai e dívidas aumentam nas empresas listadas na Bolsa brasileira

Em termos reais, ou seja, levando-se em conta a inflação, tanto o faturamento como o lucro das empresas não financeiras listadas na Bolsa brasileira (B3) diminuíram no ano passado em relação a 2022.

De acordo com levantamento realizado pela Elos Ayta Consultoria, divulgado nesta segunda-feira (1º/4), o lucro de 275 companhias (sempre não financeiras, o que exclui bancos, por exemplo) cresceu 1,98% e o faturamento avançou 2,67% em 2023. A inflação medida pelo IPCA, porém, ficou em 4,62% no mesmo período. 

Na avaliação do analista Einar Rivero, sócio da Elos Ayta, os resultados dessas companhias mostram um cenário desafiador enfrentado em 2023, embora elas tenham aumentado a eficiência operacional, um avanço que se reflete no crescimento do lucro bruto e do lucro antes de despesas financeiras (EBIT, na sigla em inglês).

Por outro lado, nota Rivero, as empresas “enfrentaram pressões significativas sobre as margens líquidas e o retorno sobre o patrimônio líquido”. Além disso, “houve aumento do caixa que sugere uma postura mais cautelosa em relação ao endividamento”, o que demonstra uma “estratégia conservadora diante das incertezas econômicas”. “A queda na distribuição de dividendos também indica uma priorização do reforço do caixa das empresas.”

O analista observa que, para evitar distorções, o estudo excluiu a Petrobras, Vale, JBS, Suzano e Oi, que apresentam variações expressivas de lucro. 

Lucro bruto e líquido

A análise mostra que o lucro bruto das companhias cresceu 6,78% em 2023, como consequência do baixo crescimento do item “custo dos produtos vendidos” (CPV). “Esse resultado indica um aumento da eficiência na produção e um esforço bem-sucedido na redução de custos”, diz o texto. 

Apesar do aumento de 5,60% nas despesas operacionais, o lucro antes de despesas financeiras (o citado EBIT) cresceu 7,94% em 2023. Esse resultado foi impulsionado pelo crescimento do resultado financeiro, que teve um aumento de 18,71% no ano. 

O lucro líquido das 275 empresas analisadas foi de R$ 143,2 bilhões em 2023, o que representa o aumento de apenas 1,98% em relação ao ano anterior. Para Rivero, o número mostra um “desempenho modesto” das companhias analisadas nesse quesito. 

Dívidas e caixa em alta

As empresas também encerraram 2023 mais endividadas. A dívida bruta cresceu 7,94% e a líquida, 7,68%, ambos avanços acima da inflação. O caixa também encerrou o ano passado mais reforçado. As companhias analisadas terminaram o ano com R$ 521,6 bilhões em caixa, crescimento de 8,37% ante os R$ 481,3 bilhões registrados no fim de 2022. 

Menos dividendos

O volume de dividendos distribuídos caiu para R$ 90 bilhões em 2023, contra R$ 103,6 bilhões em 2022. A queda foi de R$ 13,6 bilhões, ou 13,17%, em relação a 2022.

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