Fóssil mordido comprova existência de crocodilo há 76 milhões de anos

A marca de uma mordida no fóssil de um pterossauro jovem, descoberto no Canadá, trouxe novas evidências sobre a antiguidade dos crocodilos na terra. Análises feitas por paleontologistas mostraram que a mordida do réptil ocorreu há 76 milhões de anos, muito antes do que mostravam os primeiros registros da chegada do animal à América.

O estudo, publicado no Journal of Palaeontology nesta quinta-feira (23/1), revela uma perfuração circular de quatro milímetros no osso da vértebra do dinossauro, atribuída à marca de um dente de crocodilo.

A ossada pertence a um jovem pterossauro do gênero Cryodrakon boreas. O dinossauro tinha a envergadura de dois metros, semelhante à de uma águia-real, quando morreu. Adultos dessa espécie podiam atingir o tamanho de uma girafa, com asas de até 10 metros de comprimento.

A marca foi analisada com microtomografias computadorizadas, descartando danos pós-morte e confirmando a mordida predatória. O encontro entre os animais aconteceu 70 milhões de anos antes dos humanos surgirem na Terra.

O fóssil não permite saber onde os predadores habitavam, mas como os pterossauros dessa espécie raramente deixavam regiões próximas ao Polo Norte, os pesquisadores acreditam na presença mais difundida dos crocodilos na América.

Fóssil evidencia dieta rara

O líder da investigação, Caleb Brown, do Royal Tyrrell Museum of Palaeontology, destacou a raridade da descoberta não só por ser uma evidência da presença de crocodilos na América há tantos anos, mas por ser também uma mostra incomum de predação de pteurossauros, considerados os reis do ar no período Cretáceo — o terceiro e último período geológico da era Mesozoica.

“Ossos de pterossauros são muito delicados, então encontrar fósseis onde outro animal claramente deu uma mordida neles é excepcionalmente incomum. A juventude deste espécime o torna ainda mais raro”, afirmou Brown.

A vértebra perfurada é a primeira evidência de crocodilos se alimentando de pterossauros na América do Norte.  A análise sugere que, embora raros, os animais voadores faziam parte da alimentação desses predadores aquáticos.

“Traços de mordidas ajudam a documentar interações entre espécies desse período e que eram desconhecidas para nós. Mas o espécime mostra os crocodilianos na Alberta pré-histórica há mais de 70 milhões de anos”, explicou o paleontologista Brian Pickles, coautor do estudo.

Apesar de não ser possível determinar se o pterossauro estava vivo ou morto ao ser mordido, a descoberta amplia o entendimento sobre a dieta e o comportamento de crocodilos pré-históricos e é mais uma evidência de sua antiga presença.

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