Ministério da Saúde revela como suspeitos montaram máfia das consultas

O Ministério da Saúde encontrou indícios de irregularidades na marcação de consultas do Sistema Único de Saúde (SUS). A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra esse esquema de fraudes, em Queimados (RJ), após reportagem coluna.

“As investigações indicam que o incidente decorreu do uso indevido de acessos válidos e permissões por usuários localizados no município de Queimados (RJ). Tais acessos foram prontamente bloqueados pelo administrador local do sistema. Assim que notificado, o Ministério da Saúde realizou uma análise preliminar dos dados envolvidos, identificando indícios de irregularidades”, informou a pasta ao Metrópoles.

Segundo a denúncia, funcionários e ex-colaboradores da Secretaria de Saúde marcavam centenas de consultas para eles mesmos para, depois, trocar as vagas por votos. A ação foi tão grotesca que foram agendadas vasectomia para mulheres e exames de ginecologia para homens, segundo o material usado como prova.

“O Ministério da Saúde esclarece que não houve invasão externa ao Sistema de Regulação (Sisreg) para realizar as práticas indevidas investigadas na operação ‘Saúde Eleitoral’ dessa terça-feira (21/1). Repudiamos veementemente quaisquer ações que comprometam o caráter de universalidade e equidade do Sistema Único de Saúde (SUS). O Sisreg mantém rotinas rigorosas de segurança e passa regularmente por auditorias internas”, completou a pasta.

O ministério é responsável pela gestão e manutenção geral do Sisreg, mas argumentou que a operacionalização, incluindo a concessão de acessos aos operadores locais, é de responsabilidade das prefeituras. O Datasus/Seidigi é a área de Tecnologia do Ministério da Saúde e faz o monitoramento da plataforma.

Prefeito promoveu servidora suspeita de fraude no SUS

Prefeito de Queimados, Glauco Kaizer (União Brasil) promoveu uma servidora a cargo de direção mesmo após denúncias de que ela orquestrava as fraudes no SUS.

Segundo documentos obtidos pela coluna, a documentação que embasou a denúncia chegou à Câmara Municipal no dia 14/3 de 2024. De acordo com os papéis, o processo foi enviado à Secretaria Municipal de Saúde uma semana depois.

Em 27/3, a servidora Crislaine Cristina da Cunha Silva foi nomeada pelo prefeito como diretora do Departamento de Regulação, Controle e Avaliação na Secretaria Municipal de Saúde. Na função, ela recebeu salários que variavam de R$ 4,1 mil a R$ 5,5 mil. Antes de ser promovida, a funcionária tinha um cargo comissionado de coordenadora de marcação de consultas na mesma secretaria, com salário de R$ 2.043.

A Prefeitura de Queimados afirmou que só recebeu comunicação oficial sobre o caso em 30/8 e nega ter sido alertada pela Câmara Municipal antes disso. Já segundo o Poder Legislativo, os autos foram remetidos à Secretaria de Saúde no dia 21/3 de 2024. Um vereador diz ter alertado o prefeito sobrea nomeação.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.