Relatório mostra que avião bateu em chaminé antes de cair em Gramado

O relatório preliminar sobre a queda do avião em Gramado (RS), elaborado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), cita que houve um choque com uma chaminé antes da queda. No acidente, ocorrido em 22 de dezembro de 2024, morreram 11 pessoas.

A aeroave decolou, em um voo privado, do Aeródromo de Canela (RS) às 9h12 do dia 22 de dezembro de 2024, mas caiu apenas três minutos depois. O destino do voo era Jundiaí (SP). No documento do Cenipa consta que, após a decolagem, a aeronave fez uma curva à direita, bateu em uma chaminé de um prédio em Gramado e, logo na sequência, perdeu controle e atingiu outra edificação.

O que aconteceu:

  • Avião particular decolou em meio a tempo nublado em 22/12/24, do Aeródromo de Canela (RS), colidiu com prédio e caiu na sequência.
  • A bordo estavam 11 pessoas da mesma família. Todas morreram no acidente.
  • Outras 17 pessoas ficaram feridas em solo, duas delas com gravidade.
  • O relatório preliminar do Cenipa indica que o avião bateu em uma chaminé antes de cair.

O relatório preliminar fez duas marcações de ocorrência: “voo controlado contra o terreno” e “perda de controle em voo (LOC-I)”, representados, respectivamente, pelas siglas em inglês CFIT e LOC-I.

“O CFIT significa voo controlado contra o terreno, refere-se a situações em que a aeronave em pleno controle, sem falhas técnicas aparentes, colide com o solo, montanhas ou outros obstáculos. Normalmente, esse tipo de situação ocorre devido a falhas na percepção situacional do piloto, como desorientação espacial ou erro de navegação”, explica o especialista em segurança de voo e Direito Aeronáutico Hilton Rayol.

Em relação ao LOC-I, “este tipo de situação, está relacionado quando a aeronave perde a sua capacidade de voo controlado, podendo ser devido a fatores como condições meteorológicas adversas, falhas técnica ou erro humano, o que pode levar a queda da aeronave”, detalha Rayol.

Responsabilidades

O aeródromo de Canela não é cadastrado. O controle cadastral dos aeródromos no Brasil é de responsabilidade da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “O fato de não ser cadastrado pode ter algumas implicações para o voo, uma delas é com relação à segurança operacional e à legalidade, ou seja, a responsabilidade quanto ao uso de um aeródromo que só pode operar em condições visuais. Nesse caso, o Cenipa vai analisar se o aeródromo teve impacto direto no acidente, isso certamente será abordado no relatório final”, contextualiza o especialista.

A quantidade de pessoas mortas, conforme o relatório do Cenipa, foi 11, sendo o piloto e  dez passageiros. A queda da aeronave deixou também 17 pessoas feridas em solo, duas delas com gravidade.

No dia do acidente, foi divulgada a morte de dez pessoas, sendo um tripulante e nove passageiros. O número corresponde às características da aeronave, que possui posição para um tripulante e nove assentos para passageiros. A reportagem questionou ao Cenipa o motivo da divergência, mas ainda não houve retorno.

O relatório preliminar é um compromisso previsto na norma NSCA 3-13 do Comando da Aeronáutica. Ele deve ser publicado em até 30 dias da data do acidente. No caso do avião que caiu em Gramado, o Cenipa afirma que a publicação do documento foi feita no dia 30 de dezembro de 2024.

“No caso de ocorrências aeronáuticas que demandarem investigação do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), conforme os protocolos estabelecidos nesta norma, o Cenipa disponibilizará, em até trinta dias da data da ocorrência, um Reporte Preliminar com as informações obtidas nos estágios iniciais das investigações”, diz a norma.

A divulgação do relatório preliminar é regra. Foi assim no caso do avião da VoePass, que caiu em Vinhedo (SP), quando morreram 62 pessoas. O acidente ocorreu em 9 de agosto de 2024, e no dia 6 de setembro de 2024 o documento com as primeiras informações da investigação foi apresentado.

 

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Vista superior de local atingido durante queda do avião

Momento em que as pessoas embarcavam no avião em Canela (RS), minutos antes dele cair
Vista superior de local atingido durante queda do avião
Queda deixou 10 mortos e 17 feridos
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Maurício Tonetto/Secom RS

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Momento em que as pessoas embarcavam no avião em Canela (RS), minutos antes dele cair

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Como funciona o relatório

O relatório preliminar costuma apresentar as informações iniciais da apuração. Ele foca nos fatos, por meio da verificação de dados eventualmente disponíveis, como registros de comunicação e informações de navegação, entre outros. O modelo acidentado, um Piper Air Craft não possui caixa preta.

Após o relatório preliminar, o Cenipa continua o trabalho da apuração para se chegar ao relatório final do acidente. Este último documento detalha as conclusões sobre a dinâmica dos fatos e as circunstâncias em que elas aconteceram. São apuradas informações da aeronave, da tripulação e dados meteorológicos, por exemplo.

“A conclusão dessa investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes. Quando concluído, o Relatório Final será publicado no site do Cenipa disponível a toda sociedade”, informou a Força Aérea Brasileira (FAB) ao ser perguntada sobre as apurações.

O relatório final, que explica detalhamente os fatores que contribuíram para a causa do acidente, não tem prazo para conclusão. Este documento costuma levar mais de um ano para ser concluído.

Vítimas

A aeronave que decolou do município turístico do Rio Grande do Sul estava com uma família a bordo. O piloto era o empresário Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi, também dono da aeronave. Todos os 11 passageiros que estavam a bordo eram familiares do empresário – entre eles, a esposa e as três filhas.

Veja o embarque e a decolagem do avião:

Naquele dia, o tempo estava chuvoso e havia neblina. Um vídeo do aeródromo mostra o momento em que o tripulante e os passageiros embarcam. Na sequência, a aeronave decola e some em meio ao nevoeiro.

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