Vombates, os únicos animais que fazem cocô em forma de cubos

Entre as curiosas espécies que fazem parte da família dos marsupiais, há os fofos e enigmáticos vombates, animais gordinhos e peludos que chamam a atenção por algo inusitado: seu cocô. Eles são os únicos animais cujas fezes saem em cubos, mistério estudado mais profundamente nos últimos anos.

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Nativos do continente australiano e das ilhas ao redor, os vombates receberam seu nome da língua aborígene Dharug, e foram confundidos com texugos pelos primeiros colonizadores europeus que chegaram no local. Assim como os roedores, a espécie tem dentes que crescem perpetuamente — eles também são herbívoros e chegam a ter 1 metro de comprimento, entre 20 e 35 kg e caudas curtas e atarracadas.

A anatomia dos vombates

Pequenos, esses animais gostam de viver em tocas subterrâneas, que cavam com garras poderosas e dentes avantajados. Sua evolução garantiu uma pelagem bem espessa na parte traseira do corpo, então, quando fogem de predadores cavando ou entrando em buracos, eles conseguem evitar ferimentos sérios, o que também é garantido pela cauda curta.


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Assim como outros marsupiais, eles possuem uma bolsa (marsúpio) para abrigar os filhotes, mas, em seu curioso caso, ela fica na parte de trás do corpo, o que também evita que a terra que cavam atinja o filhote. Os vombates são noturnos e crepusculares, e, por isso, não são comumente vistos por humanos. Cavando por baixo ou ao redor de cercas, no entanto, eles deixam muitos sinais de sua passagem.

Um vombate despontando de sua toca: esses animais são noturnos, gostam de ficar no subterrâneo e fazem cocô cúbico! (Imagem: Steve Burcham/Pexels/Domínio Público)
Um vombate despontando de sua toca: esses animais são noturnos, gostam de ficar no subterrâneo e fazem cocô cúbico! (Imagem: Steve Burcham/Pexels/Domínio Público)

Seu metabolismo é bem lento, levando entre 8 e 14 dias para completar a digestão, o que ajuda a sobreviver em climas áridos. Os vombates geralmente se movem devagar e reagem agressivamente a invasores de seu território, sendo um perigo aos humanos. Seus predadores naturais são dingos e diabos-da-tasmânia, e acredita-se que o extinto tilacino (ou tigre-da-tasmânia) também caçava a espécie.

As famosas fezes cúbicas

A característica mais marcante e chamativa dos vombates, no entanto, são suas fezes cúbicas. A espécie costuma defecar 100 cubos de 2 cm³ por noite, algo que intrigou a ciência por décadas a fio.

Foi em 2018 que Patricia Yang, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, se dedicou a examinar o traço a fundo. Em geral, é sabido que o formato está ligado à aridez do ambiente: esses animais sugam toda a umidade possível da comida para o corpo.

Prova disso é que, em cativeiro, as fezes são menos cúbicas, já que, nesse ambiente, os vombates ficam mais hidratados. Os pesquisadores americanos conseguiram, com esforço, vísceras dos marsupiais para estudo, olhando os intestinos com atenção.

Fezes cúbicas de vombate sobre terreno enlameado e galhos
As infames fezes cúbicas dos vombates — acreditava-se que era uma adaptação biológica para evitar que rolassem e deixassem de marcar o território, mas isso foi desmentido (Imagem: Bjørn Christian Tørrissen/CC BY-S.A 3.0)

Descobriu-se que esses animais possuem o órgão mais irregular do que o normal, com dois sulcos parecidos com ravinas. Normalmente, mamíferos possuem intestinos com elasticidade em toda a extensão, pressionando as fezes uniformemente e as tornando cilíndricas.

Os vombates apresentam trechos elásticos, nas tais ravinas, mas também trechos rígidos, o que contrai o cocô em certas partes e confere seu formato. Como apenas dois sulcos conseguem produzir um cubo — ao invés de quatro — é um mistério, que cientistas ainda estão tentando resolver.

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