“Qualquer obra traz complicações”, diz novo secretário do DF

O novo secretário de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal, Valter Casimiro, disse que “qualquer tipo de obra vai trazer complicações” e afirmou que Brasília “ainda vai precisar de muito mais obras do que essas que a gente está entregando”.

Em entrevista à coluna Grande Angular, nesta quarta-feira (3/4), Casimiro respondeu às reclamações da população sobre os transtornos provocados por intervenções feitas de forma simultânea na capital em vias com grande fluxo de veículos, como no início da Estrada Parque Taguatinga (EPTG), na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), no Setor Policial e na W3 Sul. Nesses locais, a pasta está construindo faixas exclusivas de ônibus.

“Qualquer tipo de obra, ainda mais quando a gente está vivendo aqui dentro de uma cidade, vai trazer complicações. É a mesma coisa de fazer uma reforma na nossa casa e a gente mora lá. Tem, claro, o desconforto e traz esse problema, principalmente, da mobilidade, porque você interrompe faixas, você diminui a capacidade da via”, disse.

Assista:

Segundo o recém-nomeado secretário, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), pediu para ele conversar com as empresas responsáveis pelas intervenções para “dobrar equipes, para poder aumentar os turnos de trabalho, diminuir o tempo de execução e reduzir esse transtorno para a população”.

“Reclamam dizendo que faz tudo de uma vez, mas, infelizmente, Brasília ficou muito tempo sem fazer obra e há necessidade. E eu diria para você que, do que é necessário, nós estamos fazendo um terço e tem mais dois terços para poder executar. Então, tem muita coisa”, afirmou.


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Casimiro citou que é necessária a construção de novos viadutos para poder concluir a ligação de vias e melhorar a mobilidade e diminuir o tempo de deslocamento da população. “Então, eu vejo que Brasília ainda vai precisar de muito mais obras do que essas que a gente está entregando e o governador tem cobrado para a gente poder entregar o mais rápido possível, para diminuir o transtorno que essas obras causam na cidade”, disse.

“A gente vê muitos transtornos na cidade porque ficou muito tempo sem obra e precisa de obra para poder dar um pouco mais de conforto, tanto na mobilidade como na questão de atendimento, com escolas, hospitais, creches e equipamentos públicos”, reforçou.

Ibaneis nomeou Casimiro para o cargo de secretário de Obras e Infraestrutura do DF no último dia 26 de março. O gestor tomará posse nesta quinta-feira (4/4).

Casimiro voltou ao GDF após um ano fora do governo no qual atuou como secretário de Transporte e Mobilidade por cinco anos. Ele ocupou o cargo entre 2019 e abril de 2023.

Casimiro é servidor concursado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), onde foi diretor-geral e diretor de Infraestrutura Aquaviária.

Graduado em ciências contábeis, com especialização em administração financeira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ele também foi ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, entre abril e dezembro de 2018, durante o governo do ex-presidente da República Michel Temer (MDB).

Valter Casimiro em entrevista ao Metrópoles
Valter Casimiro
Prioridades

Na entrevista, Casimiro disse que a ordem governador é para dar prioridade às obras de mobilidade no DF e à infraestrutura em regiões como Vicente Pires, Sol Nascente/Pôr do Sol e o Assentamento 26 de Setembro, que fica entre Vicente Pires e Taguatinga.

“O governador pediu para que a gente desse prioridade nessa infraestrutura, onde a gente vê que a população precisa se sentir pertencente a essas cidades, com um pouco mais de qualidade de vida. Então, serão obras de drenagem, de pavimentação e de calçadas para que a gente possa dar esse conforto à população”, afirmou.

Casimiro disse que o GDF tem trocado o asfalto por concreto em vias como a Estrutural, a Estrada Parque Indústrias Gráficas (EPIG) e a W3 Sul porque o pavimento rígido exige menos manutenção. “A gente costuma dizer que o inimigo do asfalto é peso e água. Então, quando você coloca somente caminhões ou ônibus em cima do pavimento flexível, acaba criando aquelas deformações que a gente costuma chamar de trilho de roda, afundamentos”, explicou.

“O pavimento em concreto, que a gente chama de pavimento rígido, dá menos deformação e manutenção. Não que ele não dê manutenção, trincas, alguma coisa assim. Ao longo do tempo realmente vai acontecer, mas ele dura mais. Por exemplo, aqui a gente costuma fazer para a rodovia o pavimento flexível durar cinco anos. O pavimento rígido, normalmente, dez [anos], então é quase o dobro. E quando você tem maioria do peso com veículos de passeio, a vida útil ainda prolonga mais ainda, então dá menos manutenção”, enfatizou o secretário.

Alagamentos

Questionado sobre o histórico problema dos alagamentos no Distrito Federal, especialmente nas tesourinhas da Asa Norte, Casimiro disse que quer iniciar, ainda este ano, as obras de drenagem pluvial nas quadras finais, como na 210, 212 e 207.

“Já começamos a fazer aqui no início da Asa Norte. A ideia é iniciar, ainda neste ano, o restante da Asa Norte para poder evitar aqueles alagamentos que a gente vê ali, principalmente ali na quadra 10, nas tesourinhas ali da 10, da 12 e da 7”, afirmou.

Sobre as outras regiões administrativas que também sofrem com o mesmo problema após as chuvas, o secretário de Obras afirmou que as obras de urbanização em andamento já preveem os sistemas de drenagem. “Infelizmente, a cidade cresceu sem um planejamento e agora você tem que correr atrás de uma infraestrutura dentro dessas regiões que já estão consolidadas. Fazer isso agora, com todo mundo já morando e estabelecido nessa cidade vai gerar transtorno, vai trazer incômodo, mas que é necessário”, declarou.

Leia a entrevista na íntegra:

Isadora: O senhor foi secretário de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal por um período de cinco anos, de 2019 a 2023, durante todo o primeiro mandato do governador Ibaneis Rocha. Como foi o contexto do seu retorno ao Governo do Distrito Federal, agora em uma nova função?

Casimiro: O governador me convidou para poder dar continuidade ao trabalho que o Luciano [Carvalho de Oliveira, ex-secretário de Obras] vinha desenvolvendo – Luciano foi convidado para poder assumir um outro posto dentro do governo – até pelo meu conhecimento nessa questão de obras pela minha experiência no Dnit.

A preocupação do governador era dar continuidade ao que vinha sendo executado. Brasília, hoje, está um canteiro de obras. Muito tempo ficou sem fazer obras antes do governador Ibaneis assumir. Então, isso foi muito cobrado pelo governador para que desse essa resposta para a população. A gente vê muitos transtornos na cidade porque ficou muito tempo sem obra e precisa de obra para poder dar um pouco mais de conforto, tanto na mobilidade como na questão de atendimento com escolas, hospitais, creches e equipamentos públicos.

Ele pediu para que eu desse esse apoio aqui, junto aos demais secretários, para a gente poder dar continuidade e acelerar, inclusive, o processo de entrega dessas obras aqui para a população.

Isadora: Secretário, o senhor foi nomeado na semana passada e vai tomar posse oficialmente amanhã (4/4). Quais serão as prioridades na sua gestão?

Casimiro: O governador pediu para que a gente desse prioridade nas obras de infraestrutura das cidades. A gente sabe que diversas cidades foram expandidas, criadas, como Vicente Pires, Sol nascente, Pôr do Sol, 26 de setembro, regiões administrativas novas. E o governador pediu para que a gente desse prioridade nessa infraestrutura, onde a gente vê que a população precisa se sentir pertencente a essas cidades, com um pouco mais de qualidade de vida. Então, as obras de drenagem, as obras de pavimentação, de calçadas, para que a gente possa dar esse conforto à população.

E, também as obras de mobilidade com as linhas exclusivas dos ônibus, os BRTs, que a gente está com projetos em andamento. A gente tem já alguns trechos concluídos há muito tempo, mas que precisavam fazer as ligações, como a ligação de EPTG com a Hélio Prates e do Setor Policial com a EPIG. [Vamos] Apoiar o DER nas demais obras de ligação do BRT, como o BRT Norte, o BRT Sudoeste.

O governador tem colocado, também, um pedido para que dê prioridade para obras mais duradouras, como foi feito na Estrutural, com pavimento em concreto que dura mais, que dá um pouco mais de vida à obra em termos de longevidade e não é necessário tanta manutenção. Então, é nesse viés que a gente vai trabalhar para poder entregar isso que o governador colocou, principalmente de infraestrutura e das obras de mobilidade na cidade.

Isadora: Secretário, aproveitando o gancho aí que o senhor falou sobre o pavimento rígido, que é a substituição do asfalto pelo concreto, a gente tem visto que já aconteceu isso na Estrutural, está acontecendo agora, lá na EPTG e também vai acontecer na W3 Sul. Por quê?

Casimiro: Na verdade é o seguinte: o pavimento rígido é feito de concreto armado com ferragem, então ele tem uma vida útil um pouco mais prolongada. Às vezes fica um pouquinho mais caro, mas exige menos manutenção. A gente costuma dizer que os inimigos do asfalto são peso e água. Então, quando você coloca somente caminhões ou ônibus em cima do pavimento flexível, acaba criando aquelas deformações que a gente costuma chamar de trilho de roda, afundamentos. Mas, em função do uso natural, isso tem todo um cálculo engenharia que estabelece um prazo de manutenção, como a gente tem na nossa casa. Quando a gente faz uma obra, os engenheiros falam seguinte: “Olha, de tanto, tanto tempo você tem que fazer manutenção nisso”. A mesma coisa é o asfalto. Quanto mais rápido você dá esse tratamento, menos deformações e menos problemas tem no asfalto.

O pavimento em concreto, que a gente chama de pavimento rígido, ele dá menos deformação e dá menos manutenção. Então não que ele não dê manutenção, trincas, alguma coisa assim que ao longo do tempo realmente vai acontecer. Mas ele dura mais. Por exemplo, aqui a gente costuma fazer, para a rodovia, o pavimento flexível durar cinco anos. O pavimento rígido, normalmente, [dura] dez [anos], então é quase o dobro. E quando você tem maioria do peso com veículos de passeio, a vida útil ainda prolonga mais ainda e dá menos manutenção. Por isso que o governador quer que a gente coloque esse tipo de obra para poder ter menos manutenção e dar um nível de conforto melhor para os nossos usuários.

Isadora: A população tem reclamado de transtornos causados por obras que estão sendo realizadas no Distrito Federal. O governo vai tomar alguma medida para que a população sofra menos com essas intervenções?

Casimiro: Qualquer tipo de obra, ainda mais quando a gente está vivendo aqui dentro de uma cidade, vai trazer complicações. É a mesma coisa de fazer uma reforma na nossa casa e a gente mora lá. Tem, claro, o desconforto e traz esse problema, principalmente, da mobilidade, porque você interrompe faixas, você diminui a capacidade da via. O que o governador me pediu foi que a gente conversasse com as empresas que estão hoje contratadas para fazer, para poder dobrar equipes, para poder aumentar os turnos de trabalho, para poder diminuir o tempo de execução e reduzir esse transtorno para a população.

Reclamaram dizendo que faz tudo de uma vez, mas, infelizmente, Brasília ficou muito tempo sem fazer obra e há necessidade de fazer muita obra. E eu diria para você que, do que é necessário, nós estamos fazendo um terço e tem mais dois terços para poder executar. Então, tem muita coisa. Você tem viadutos que você vê sendo construídos, mas que quando terminar isso, vai ter que fazer um outro para poder dar a ligação total e criar essa mobilidade mais fácil para a população e diminuir o tempo de deslocamento da população.

Então, eu vejo que Brasília ainda vai precisar de muito mais obras do que essas que a gente está entregando e o governador tem cobrado isso pra gente poder entregar o mais rápido possível para diminuir o transtorno que essas obras causam na cidade.

Isadora: A vice governadora Celina Leão comentou que o Distrito Federal deve ter, em 2024, um orçamento de R$ 6 bilhões para investimentos. O que caberá à Secretaria de Obras?

Casimiro: Neste ano, a gente está com um orçamento em torno de R$ 2 bilhões para poder tocar essas obras, mas a gente sabe que tem muitas outras obras que estão sendo negociadas junto com o governo federal, como parcerias. São as obras do BRT, são as obras de expansão do Metrô, são as obras de duplicação da BR-080, enfim. E tem sido negociado – e aí eu quero até fazer um elogio a nossa vice-governadora, que tem feito um empenho muito grande junto com o governador no governo federal para poder trazer recursos aqui para Brasília e fazer esses investimentos se tornarem realidade. Porque, claro, Brasília tem um orçamento, vamos dizer assim, favorável, para poder dar continuidade às obras. Mas ele sabe que a infraestrutura aqui precisa de muito mais. Então, essa parceria de buscar recursos junto ao governo federal para fazer essas expansões é muito bem-vinda e necessária para que a gente possa fazer essas entregas aqui para a população.

Isadora: Todas as obras que a gente tem visto estarão prontas até o fim do mandato?

Casimiro: As que estão em andamento, eu digo a você, que é perfeitamente possível a gente entregar nesse período. É claro que tem obras que se tem um nível de complexidade um pouco maior, como o BRT Norte, e talvez a gente entregue parte para funcionar já com faixas exclusivas. Mas a meta é a gente acelerar o que está em execução e dar início, o mais rápido possível, nessas obras, principalmente de mobilidade, que precisam de um tempo maior, mas para que já traga funcionalidade até o final de 2025. Eu cito o exemplo aqui do BRT Norte, porque você tem alguns pontos onde pode criar uma terceira faixa e já criar uma linha exclusiva do ônibus e dar alguma funcionalidade em determinadas obras para que a gente possa ter um conforto maior na questão da mobilidade da cidade.

Isadora: Todos os anos a população do Distrito Federal sofre com o mesmo problema, que são os alagamento. O que o governo vai fazer para resolver?

Casimiro: Na verdade, obras de drenagem são obras que causam um transtorno ainda maior do que as de pavimentação, porque você vai ter que colocar todo o sistema de drenagem pelas ruas, por baixo. E já começamos a fazer aqui no início da Asa Norte. A ideia é iniciar, ainda neste ano, o restante da Asa Norte para poder evitar aqueles alagamentos que a gente vê ali, principalmente ali na quadra 10, nas tesourinhas ali da 10, da 12 e da 7. Então, tirar esse problema de Brasília, como a gente está fazendo aqui no início da Asa Norte.

E, claro, como eu falei no início da nossa entrevista: as obras de urbanização que estão sendo elaborados preveem todos sistemas de drenagem para poder diminuir essa nível de alagamento. Infelizmente, a cidade cresceu sem um planejamento e agora você tem que correr atrás de uma infraestrutura dentro dessas regiões que já estão consolidadas. Fazer isso agora, com todo mundo já morando e estabelecido nessa cidade vai gerar transtorno, vai trazer incômodo, mas que é necessário, o governador já colocou como prioridade para a gente poder fazer esses essa urbanização nessas áreas carentes, que precisam muito de infraestrutura.

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