Inflação de janeiro desacelera a 0,16%; acumulado segue acima da meta

Os preços de bens e serviços do país subiram 0,16% em janeiro, menor taxa para o mês desde 1994. O índice que representa um recuo de 0,36 ponto percentual em comparação a dezembro de 2024 (0,52%) e mostra desaceleração. O Brasil, no entanto, tem inflação acumulada de 4,56% — ainda acima do teto da meta para este ano.

O resultado do mês passado ficou dentro do esperado por analistas do mercado financeiro. As previsões da Warren Investimentos e do relatório Focus eram de alta de 0,16% e 0,15%, respectivamente, em janeiro.

Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país —, divulgado nesta terça-feira (11/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A meta para 2025 é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual – ou seja, piso de 1,5% e teto de 4,5%. O objetivo é estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Banco Central (BC).


O que é IPCA

  • Refletindo o custo de vida e o poder de compra do cidadão brasileiro, o IPCA é calculado desde 1979 pelo IBGE.
  • O IPCA é considerado o termômetro oficial da inflação e é usado pelo Banco Central para ajustar a taxa básica de juros, a Selic.
  • Ele mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.
  • O IPCA tem por meta pesquisar dados nas cidades, de forma a englobar 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas no país.
  • O índice pesquisa preços de categorias como transporte, alimentação e bebidas, habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação, comunicação, vestuário, artigos de residência, entre outros.

A inflação para o mercado

No mais recente relatório Focus, analistas financeiros subiram pela 17ª semana consecutiva a projeção do IPCA para este ano. A estimativa para a inflação de 2025 passou de 5,51% para 5,58% nesta semana.

Para janeiro, o mercado aposta no avanço de 0,15% dos preços de bens e produtos no Brasil.

Confira as expectativas dos economistas:

  • A projeção de inflação para 2026 passou de 4,28% para 4,30%.
  • Enquanto a estimativa de inflação para 2027 continua a mesma da semana passada: 3,90%.
  • A previsão de inflação para 2028 cresceu de 3,74% para 3,78%.

Além do mercado, o próprio BC, que tem o papel de controlar o avanço da inflação por meio da taxa de juros (a Selic), informou que a meta tem 50% de chance de ser descumprida em 2025. Em relatório publicado em dezembro, a autoridade monetária avaliou que a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta neste ano cresceu de 28% para 50%.

Meta contínua

A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Dessa forma, se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.

A adoção desse período evita a caracterização de descumprimento em situações de variações temporárias na inflação. Por exemplo, um choque em preços de alimentos que faça com que o IPCA fique fora do intervalo de tolerância por apenas alguns meses.

Em 2025, a meta de inflação é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual, sendo 1,5% (piso) e 4,5% (teto). Ela será considerada cumprida se oscilar entre esse intervalo de tolerância.

Se a meta for descumprida, o Banco Central precisa divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda — neste caso, o Fernando Haddad — explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária tem o papel de controlar o avanço dos preços.

O BC contém a inflação por meio da taxa básica de juros, definida pelo Copom a cada 45 dias.

Meta pode ser descumprida em junho, diz BC

Na ata de janeiro, o BC também admitiu a possibilidade de a inflação acumulada em 12 meses ficar acima do teto do intervalo de tolerância da meta durante seis meses seguidos — o que caracterizaria o descumprimento da meta inflacionária em 2025.

Se a inflação continuar avançando, o valor acumulado em 12 meses permanecerá “acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos“, ressalta o órgão.

“Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, destacou o Copom em trecho da ata.

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