Especialista relata solução com predadores naturais

Especialista relata solução com predadores naturaisDA REDAÇÃO

A utilização de peixes da bacia local que são predadores naturais podem ser a solução para acabar com os recentes ataques de Piranhas ou Pirambebas na Represa do Lobo, mais conhecida como “Broa”, em Itirapina. A afirmação é do piscicultor e especialista no assunto, o empresário Rogério Zanel, proprietário da Piscicultura Santa Cândida em Santa Cruz da Conceição. 

Em 2002 quando Santa Cruz da Conceição viu o turismo, uma das suas principais atividades econômicas ameaçadas pelos vários ataques de piranhas em suas praias, mutilando os banhistas. Naquele ano houve cerca de 60 ataques contra turistas. 

Porém, ele alerta que tudo o que se for fazer em uma represa precisa ter o aval e o monitoramento do IBAMA. “Elas (as piranhas) atacam muito debaixo dos pés, principalmente no período da Piracema que estamos vivendo. As bocas de lobo são os lugares de maiores ataques das pirambebas. É uma espécie de defesa destes peixes. As limpezas nestas galerias de águas fluviais são fundamentais, inclusive para destruir as ovas e impedir a reprodução das piranhas. Na época que tivemos estes ataques, foram realizadas reuniões na Câmara Municipal e se colocam várias alternativas para controlar estes peixes”, destaca Zanel.

Segundo ele, o IBAMA esteve em Santa Cruz das Conceição e acompanhou tudo. Os peixes que podem ajuda a amenizar este problema, que acredito que seja um inimigo natural, o Dourado, a Tabarana, o Curimbatá, o Lambari, que é um grande predador das pirambebas. Mas tem que ter a autorização do IBAMA, depois do levantamento e da gravidade do problema para  ver o que pode ser feito. O primeiro passo é convocar os órgãos ambientais, talvez também se deva envolver o DAEE estadual, já que envolve água”, destaca o especialista. 

PIRANHAS – Peixe comumente associado à região Norte do País, as piranhas causam transtornos, também, em municípios cearenses que concentram na pesca sua principal atividade econômica. Neste cenário, a inserção de outros peixes não-nativos nas bacias foi um recurso utilizado como uma possível solução para o controle da Pirambeba (ou piranha branca), espécie mais comum no Estado. No entanto, pesquisadores julgam que esta iniciativa pode desencadear um novo desequilíbrio ambiental.

A Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA) inseriu nas bacias hídricas locais quatro espécies de peixes: o Pirarucu, o Tucunaré, o Dourado e o Surubim, que são predadores naturais da piranha. “É importante pontuar que as últimas duas espécies serão introduzidas naturalmente no Estado com a conclusão das obras de Transposição do Rio São Francisco”, diz o órgão, em nota. 

A SDA pondera, contudo, que é preciso precaução para encontrar um ponto de “convivência entre as espécies, não de eliminação”. O biólogo e professor em Bioprospecção Molecular da Universidade Regional do Cariri (Urca), Fábio Yamada, acredita que a inserção de espécies não-nativas não é benéfica. “Essa iniciativa com certeza não vai surtir efeito e vai ocasionar mais impactos na região”, explica, ressaltando que “isso pode reduzir ainda mais as espécies locais, não só de peixes, como de invertebrados. Pode até mudar a produtividade ambiental da região”.

O aumento no número de incidentes ocorreu após a construção de represas.  “Isso é uma conseqüência direta do represamento. Quando você cria uma represa, cria condições ideais para o aumento na população de piranhas”, disse à BBC o professor Ivan Sazima, um zoólogo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).  

Sazima disse que o represamento pode causar um aumento de até dez vezes no número de piranhas. Os peixes depositam seus ovos em plantas aquáticas nos trechos mais calmos do rio. “As mordidas ocorrem principalmente quando as pessoas andam ou nadam perto dos ‘ninhos’ das piranhas”, disse Sazima.

O peixe normalmente morde a vítima uma única vez, arrancando um pedaço da carne e deixando uma cratera arredondada no local. Os autores do relatório dizem que não há evidência científica para comprovar relatos sobre vítimas que teriam sido atacadas e comidas por piranhas.  

Fonte: São Carlos Agora. Leia o artigo original: Especialista relata solução com predadores naturais

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