Conheça os maiores naufrágios no litoral de São Paulo

Destino turístico importante no sudeste do país, o litoral de São Paulo é repleto de belas praias e belezas naturais, mas também de sinais da atividade humana — são os naufrágios da costa, pontos muito visados em atividades de mergulho, já que é a única maneira de acessá-los. A maioria deles está em Ilhabela, arquipélago formado por diversas ilhas, como a de São Sebastião, que abriga o município e a área urbana de Ilhabela.

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Apesar dessa concentração, outros locais, como Santos, também trazem navios naufragados, visto que, junto com Ilhabela, fica localizado na rota de navegação entre os principais portos do Brasil. Entre 2 e até 55 metros, muitos dos naufrágios paulistas são bastante famosos, como o transatlântico espanhol Príncipe das Astúrias. Que tal conhecer oito dos maiores naufrágios no litoral de São Paulo?

Naufrágio do Príncipe das Astúrias

Com 150 metros de comprimento, um casco de aço e propulsão a vapor, o Príncipe das Astúrias foi um transatlântico espanhol que afundou em 6 de março de 1916, em Ilhabela, em decorrência de mau tempo. Pela comoção que gerou na época, o naufrágio ficou conhecido como o “Titanic Brasileiro“.


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Foto em preto-e-branco de um navio, o Príncipe de Astúrias
O Príncipe de Astúrias antes de afundar, em fotografia de 1914 (Imagem: Magma Cultural/Domínio Público)

Com fortes correntes marítimas deixando o local agitado mesmo em dias calmos, o mergulho nesse naufrágio é considerado um dos mais difíceis do Brasil — a visibilidade média é de 1,5 metro.

O relevo do fundo do mar nos destroços é bem acidentado, e diversos exploradores realizaram explosões no resto da embarcação, deixando ferros retorcidos que dificultam o mergulho. A maior parte do navio está desmantelada, espalhada entre 15 e 35 metros de profundidade. A popa (parte de trás) e a meia-nau ainda estão apoiadas na areia, mas as caldeiras se soltaram e caíram no fundo do mar.

Naufrágio Moreia

O naufrágio Moreia, ocorrido em Santos, foi o primeiro naufrágio artificial do Brasil, feito em 1990 — sua finalidade foi justamente a de se tornar um atrativo aos turistas mergulhadores. A embarcação era um navio pesqueiro de ferro de 15 metros de comprimento, bem menor do que os outros listados aqui, mas incluído pela sua peculiaridade artificial.

Mergulhadores nadam em meio aos destroços do navio Moreia
O Naufrágio Moreia foi o primeiro artificial do Brasil, realizado para atrair a atenção de mergulhadores à região (Imagem: Clecio Mayrink)

Paralelo à costa, o navio já está se desmantelando, então não é aconselhável entrar no convés durante a natação. Vários peixes, como garoupas e meros, habitam o porão do naufrágio, enquanto cardumes nadam na parte exterior. Muitos crustáceos e pequenos animais também circulam pelo deck afundado. O navio fica entre 18 e 22 metros de profundidade.

Naufrágio Hathor

O Hathor foi um cargueiro inglês de 104 metros de comprimento, propulsão a vapor e casco de aço, tendo naufragado em 24 de março de 1909, também por conta de mau tempo, em Ilhabela. Ele acabou espalhado por vários pontos de profundidades diferentes: sua âncora, correntes e outras partes ficam a seis metros de profundidade, por exemplo.

Pessoas posam em frente ao navio Hathor encalhado na areia
O Hathor afundou em 1909, mas a tempo de todos os 22 tripulantes saírem, após várias tentativas falhas de desencalhe (Imagem: Jeannis Michail Platon/Arquivo Ilhabela)

Parte do convés foi se fragmentando e espalhando, e a máquina a vapor, em partes apoiada em uma pedra, fica a 12 metros, junto com outros pedaços de maquinário. Uma caldeira de 3,5 metros de altura fica a 16 metros de profundidade, sendo que seu par já se fragmentou. Uma caldeira auxiliar ficou parcialmente soterrada — a popa (parte de trás), por sua vez, ficou completamente destruída.

Naufrágio Dart

O Dart foi outro cargueiro inglês, desta vez com 105 metros de comprimento, mas também de casco em aço e propelido por vapor. Seu naufrágio foi em 11 de setembro de 1884, pelo mau tempo, em Ilhabela.

 

O casco foi completamente desmantelado, deixando suas câmaras a sete metros de profundidade, junto às âncoras. Outras partes do navio foram parar a 12 metros da superfície, com cacos de louças e vidros pontilhando a areia no entorno.

Naufrágio São Janeco

Este cargueiro inglês era menor, com apenas 80 metros de comprimento, mas seu casco era de madeira e aço e usava propulsão a vapor e vela. Seu naufrágio ocorreu em 3 de dezembro de 1929, pelo mau tempo, também desmantelando o casco.

A parte da frente do navio ficou a seis metros de profundidade, com o casco se estendendo até a popa, aos 15 metros de profundidade. Ele também naufragou em Ilhabela.

Naufrágio Therezina

Navio Therezina encalhado na areia em foto de ampla paisagem
O Therezina foi um naufrágio de navio brasileiro em Ilhabela — ele, no entanto, foi confiscado da Alemanha (Imagem: Jeannis Michail Platon/Arquivo Ilhabela)

Desta vez o cargueiro em questão era brasileiro, tendo 97 metros de comprimento, casco de aço e propulsão a vapor. O naufrágio ocorreu nos segundo dia de fevereiro de 1919, desmantelando e espalhando as peças pela costa.

Poucas partes reconhecíveis sobraram, como correntes, guinchos, hélices e caldeiras. Os restos estão espalhados entre os cinco e os 12 metros de profundidade, também em Ilhabela. Curiosamente, o navio se chamava Siegmund e foi construído em 1905, na Alemanha, mas foi confiscado em Santos após passar três anos em águas estaduais sem autorização.

Naufrágio Velasquez

O Velasquez era um transatlântico inglês com 153 metros de comprimento, casco de aço e propulsão a vapor, naufragado em 17 de outubro de 1908, por conta de mau tempo, em Ilhabela. Os destroços estão espalhados de maneira perpendicular à costa, desmantelados, com a âncora mais perto da praia, a cinco metros de profundidade.

Navio Velasquez naufragado em meio a pedras no mar, adernado
O transatlântico Velasquez transportava pessoas e cargas quando naufragou na costa brasileiras — seus destroços são de fácil mergulho (Imagem: Jeannis Michail Platon/Arquivo Ilhabela)

Pode-se nadar por entre as caldeiras, descendo, chegando a oito metros. Depois das máquinas e outras partes, chega-se ao fundo, nos destroços da hélice, a 20 metros de profundidade. Três de suas quatro pás foram removidas.

Naufrágio Concar

O Concar foi um cargueiro espanhol naufragado em 29 de outubro de 1959, tendo perdido o rumo numa viagem para o sul e encalhado nas pedras de Ponta de Pirassununga, no arquipélago de Ilhabela. A embarcação adernou para bombordo (esquerda), ficando com o casco sobre uma laje, inclinado de modo a quase ficar no nível da água.

Navio naufragado perto da costa, com a praia próxima da parte da frente
O Concar era um navio mercante espanhol que naufragou em 1959, ficando 22 dias na costa antes de afundar (Imagem: Jeannis Michail Platon/Arquivo Ilhabela)

O mar foi entrando pelo convés do naufrágio aos poucos, então, em 19 de novembro do mesmo ano, um temporal partiu o navio em três, afundando a popa e a meia-nau. A proa, parte da frente, ficou presa sobre as rochas antes de afundar. Os restos do navio estão entre três e 14 metros de profundidade. 

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VÍDEO: O incrível navio que fica de pé no meio do mar

 

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