Banco Central dos EUA não muda taxa de juros pela 2ª reunião seguida

Na segunda reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) desde a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as expectativas do mercado foram confirmadas e a taxa básica de juros se manteve inalterada.


O que aconteceu

  • Nesta quinta-feira (19/3), o colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
  • A decisão anunciada nesta quinta é a segunda consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana mantém inalterada a taxa de juros.
  • Antes das duas últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.
  • Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
  • Na última reunião do ano passado, o BC dos EUA decidiu cortar os juros em 0,25 ponto percentual. Com isso, os juros fecharam 2024 em um intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano (antes era de 4,5% a 4,75% ao ano).

Inflação

A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.

De acordo com dados divulgados na semana passada, o Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,8% em fevereiro na base anual (em relação a fevereiro do ano passado), um recuo de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro (quando foi de 3%).

Na comparação mensal, em relação ao mês anterior, a inflação norte-americana foi de 0,2%, ante 0,5% em janeiro.

A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.

Comunicado do Fed

“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais à faixa-alvo para a taxa de fundos federais, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a perspectiva em evolução e o equilíbrio de riscos. O comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em dívidas de agências e hipotecas de agências”, diz o Fed no comunicado que acompanha a decisão.

“Ao considerar a extensão e o momento dos ajustamentos adicionais ao intervalo-alvo da taxa dos fundos federais, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos. O comitê continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências. O comitê está fortemente empenhado em apoiar o emprego máximo e o regresso da inflação ao seu objetivo de 2%.”

No comunicado, o Fed afirma ainda que “continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas”.

“O comitê estará preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do comitê. As avaliações do comitê terão em conta uma vasta gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.”

Juros ainda não caíram sob Trump

Antes mesmo de tomar posse para seu segundo mandato na Casa Branca, Donald Trump já fazia críticas às decisões do Fed sobre a taxa de juros e defendia que os cortes fossem intensificados – o que ainda não ocorreu em seu atual mandato.

Já empossado presidente, em discurso durante o Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), Trump disse que trabalharia para que os juros nos EUA caíssem “imediatamente”.

“Com os preços do petróleo caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente e, da mesma forma, elas deveriam cair em todo o mundo”, afirmou o presidente norte-americano.

A ascensão de Trump novamente ao poder na maior potência econômica do mundo trouxe mais incerteza ao cenário avaliado pelo Fed. Muitas políticas propostas pelo republicano, como a aplicação de tarifas comerciais a outros países e a deportação de imigrantes, têm o potencial de pressionar a inflação no país.

Em novembro, após a confirmação da vitória de Trump sobre Joe Biden nas eleições, o Fed justificou a diminuição no ritmo de corte de juros afirmando que “as perspectivas econômicas são incertas e o comitê está atento aos riscos”. Na ocasião, o nome de Trump não foi mencionado.

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