O descontrole da glicose no sangue é uma das principais causas do surgimento de doenças metabólicas e sistêmicas, impactando a saúde de forma progressiva e, muitas vezes, silenciosa. Para entender os riscos desses picos de glicose, conversamos com o endocrinologista Wandyk Alisson, especializado em endocrinologia, metabologia, nutrição clínica e fisiologia.
Segundo o especialista, um pico glicêmico ocorre quando há um aumento repentino e elevado dos níveis de açúcar no sangue, seguido por uma queda brusca. Essa oscilação sobrecarrega o organismo, causando inflamação crônica, resistência à insulina e disfunções metabólicas.
“Os picos de glicose podem ser causados por diversos fatores, como alimentação inadequada, falta de atividade física, estresse constante e privação de sono. A ingestão de alimentos ricos em carboidratos refinados, como pães brancos, massas e doces, é um dos principais culpados por esse desequilíbrio glicêmico”, afirma o médico.
Doenças causadas pelos picos de glicose
1. Diabetes tipo 2
De acordo com o endocrinologista, diabetes tipo 2 é uma das condições mais comuns resultantes do descontrole glicêmico. “Com o tempo, a resistência à insulina dificulta a entrada da glicose nas células, sobrecarregando o pâncreas e prejudicando a produção de insulina. Isso pode causar complicações como neuropatia, retinopatia e doenças cardiovasculares”, explica.
2. Resistência à insulina
O médico explica que quando o corpo não consegue usar a insulina de forma eficiente, ele aumenta a produção do hormônio para compensar, criando um ciclo vicioso. “Isso favorece o acúmulo de gordura visceral, a inflamação crônica e o desenvolvimento da síndrome metabólica, que aumenta o risco de outras doenças, como o diabetes e problemas cardíacos”, ressalta.
3. Doenças cardiovasculares
A hiperglicemia crônica danifica as paredes dos vasos sanguíneos, promovendo o acúmulo de placas de gordura e aumentando o risco de aterosclerose, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). A glicação avançada de proteínas também acelera o processo de envelhecimento arterial, prejudicando o funcionamento do sistema cardiovascular.
4. Doença de Alzheimer (diabetes tipo 3)
Os picos de glicose também podem afetar o cérebro, levando à perda de função cognitiva. A resistência à insulina no cérebro impede que ele metabolize a glicose adequadamente, o que favorece o acúmulo de placas beta-amiloides, característico da doença de Alzheimer.
5. Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)
“Nos casos de resistência à insulina, o aumento dos níveis de andrógenos pode desregular o ciclo menstrual e a ovulação, o que interfere diretamente na fertilidade feminina. Além disso, pode causar sintomas como acne e crescimento excessivo de pelos”, explica o especialista.
Prevenção e controle
Wandyk alerta que os picos de glicose são altamente prejudiciais à saúde, mas podem ser controlados com mudanças no estilo de vida.
Uma alimentação balanceada, com a redução do consumo de açúcares e carboidratos refinados, e a inclusão de alimentos ricos em fibras e proteínas são essenciais para manter os níveis de glicose estáveis.
“A prática regular de exercícios físicos também ajuda na captação da glicose pelos músculos, melhorando a sensibilidade à insulina. É fundamental adotar boas rotinas de sono e controlar o estresse para evitar que esses fatores contribuam para o aumento da glicemia”, conclui o especialista.