Vírus respiratórios já mataram 02 crianças em Sergipe neste ano

Por Cláudia Lemos

Há várias semanas a Fiocruz vem alertando em seu boletim semanal denominado de InfoGrip, para a situação de alerta em Sergipe para a circulação de vírus respiratórios, sobretudo para o crescimento de casos graves do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), afetando principalmente crianças. Este ano, duas crianças já morreram em Sergipe e outras 435 foram internadas por conta de doenças respiratórias. Também há uma previsão de que este mês de abril registre uma maior circulação do vírus da influenza. De olho nesta sazonalidade, nesta segunda-feira, 07, terá início a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, quando devem ser vacinadas crianças de seis meses a menores de seis anos, além de outros grupos. Presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria, a médica pediatra Ana Jovina Barreto, em entrevista especial ao Jornal Correio de Sergipe e ao Portal de Notícias AJN1 traz esclarecimentos sobre o tema e alerta para a importância da vacinação. Ela fala sobre prevenção, cuidados e o papel de cada cidadão para evitar a propagação de vírus. Muitos pais não conhecem os sinais de alerta e não sabem a hora de buscar atendimento médico para o filho e a médica também esclarece sobre isso. A dra. Ana Jovina vê como preocupante a ausência de pediatras para prestar atendimento às crianças em grande parte das UBS, como também em parte da rede de urgência e emergência. Confira a entrevista a seguir:

 

 Correio de Sergipe/AJN1 – Quais os primeiros sintomas que os pais devem observar para saber se a criança está infectada por um dos vírus circulantes?       

Ana Jovina Barreto –  Os sintomas iniciais são muito semelhantes entre os principais vírus respiratórios que circulam nesse período. A criança pode ter febre, coriza, obstrução nasal, tosse, falta de apetite, dor de cabeça, dor no corpo

 

CS/AJN1 – Quais os riscos da automedicação? 

AJB – Prescrição medicamentosa é um ato médico. Medicar uma criança sem orientação do pediatra é um risco potencial por pode ser uma medicação não recomendada para a faixa etária, pela possível inadequação da medicação ao quadro clínico, pela possibilidade de doses erradas e eventos adversos.

 

CS/AJN1 – Quais os sinais de alerta nas crianças? Quando procurar uma unidade de saúde?

AJB – Os cuidadores devem procurar uma unidade de saúde sempre que a criança apresente sinais de alerta e também diante dos sintomas iniciais em crianças com fatores de risco como doenças crônicas, desnutrição, síndromes genéticas.  Cansaço, dificuldade respiratória, sonolência excessiva, vômitos, recusa da aceitação de líquidos são sinais de alerta.

 

CS/AJN1  – Qual a importância de manter o calendário vacinal da criança em dia?

AJB – É de extrema importância trabalhamos a prevenção de doenças e vacinar é a melhor forma de proteger. A criança com vacinas em dias dificilmente terá uma evolução desfavorável de uma gripe ou COVID, tem uma menor possibilidade de evoluir com complicações bacterianas como a pneumonia.

 

CS/AJN1  – Dá para prevenir, por exemplo, oferecendo alimentação saudável à criança?

AJB – Aleitamento materno, dieta complementar iniciada em período correto e seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Ministério da Saúde, ofertar todos os grupos alimentares na proporção adequada para cada faixa etária, evitar uso de alimentos ultraprocessados são medidas importantes para manter a saúde geral da criança, para evitar adoecimentos e complicações.

 

CS/AJN1  – Sabemos que há uma previsão de alta de casos, com pico previsto para abril, com uma incidência maior do vírus sincicial respiratório.  A senhora vê o sistema público de saúde em Sergipe preparado para um surto de doenças respiratórias?

AJB – A Secretaria de Saúde do Estado e o Município de Aracaju estão organizando-se para enfrentar esse aumento de casos. Prever se adequação da estrutura será suficiente é difícil por que a cada ano podemos ter um cenário diferente. É preocupante a ausência de pediatras para prestar atendimento as crianças em grande parte das UBS, como também em parte da rede de urgência e emergência. É sabido que ser atendido por um profissional que não é especialista na área aumenta a possibilidade de um desfecho desfavorável.

 

CS/AJN1  – Quando não mandar para a escola?

AJB – Crianças com sintomas respiratórios, com febre não devem ser mandadas a escola.

 

CS/AJN1  – Qual o papel das famílias na prevenção?

AJB – Extremamente importante! Manter as crianças e cuidadores com calendário vacinal completo, evitar aglomerações, evitar visitas a recém-nascidos são medidas que evitam doenças.

 

CS/AJN1  – Recém-nascido agrava e tem índice maior de mortalidade, quais cautelas que devem ser adotadas pelos pais?

AJB – Sim, RN tem possibilidade maior de evoluir para doença grave ou com complicações e, assim, maior mortalidade. As famílias com RN dever ter mais cuidados, evitar receber visitas, os cuidadores lavar sempre as mãos, em caso de sintomas usar máscaras, não frequentar ambientes fechados e aglomerações.

 

CS/AJN1  – Que mensagem a senhora pode deixar no que diz respeito aos cuidados com os pequenos para prevenir e evitar agravamento de doenças respiratórias

AJB – No enfretamento da sazonalidade é necessário que cada um faça a sua parte para evitar a superlotação das unidades de saúde, a sobrecarga dos profissionais e queda da qualidade da assistência. As famílias seguir a medidas preventivas, os profissionais de saúde seguir a classificação de risco e os protocolos clínicos elaborados pela SOSEPE e pela FUNESA e disponibilizados pela reconhecer prontamente os casos mais graves

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