A governabilidade tida como garantida por Donald Trump, justamente por conta de o republicano ter a maioria no Senado, na Câmara e na Suprema Corte, tem se mostrado cada vez mais frágil. Após derrotas em decisões promultadas por juízes conservadores na Suprema Corte, o Senado surpreendeu o presidente nesta semana, quando republicanos juntaram-se aos democratas, em votação ligada às tarifas impostas ao Canadá.
Essa é a segunda derrota política de Trump nesta semana, após os republicanos perderam a disputa na indicação de um magistrado para a Suprema Corte de Wisconsin.
Quatro senadores republicanos, em um fênomeno raro, optaram por votar junto aos democratas na resolução que busca anular as tarifas dos EUA sobre o Canadá. O texto propõe que o presidentes dos EUA precisaria notificar o Congresso antes de impor novas tarifas, que demandariam aprovação do Legislativo.
A medida foi aprovada, no Senado, por 51 a 48 em favor dos democratas. No entanto, ainda precisa passar pela Câmara dos Representantes e lá o presidente Mike Johnson já antecipou que não terá força para ser aprovada. Assim como não seria sancionada pelo presidente.
Os senadores Mitch McConnell, Rand Paul de Kentucky, Susan Collins de Maine e Lisa Murkowski do Alasca foram os parlamentares que mostraram suas divergências relativas à política tarifária de Trump. Os senadores marcaram posição logo depois que Trump estabeleceu taxas entre 10% e 50% sobre produtos importados de 117 países.
“Guerras comerciais com nossos parceiros prejudicam mais os trabalhadores. Tarifas elevam o custo de bens e serviços. Elas são um imposto sobre os trabalhadores americanos comuns”, afirmou o ex-líder republicano no Senado Mitch McConnell.
Em sua rede Truth Social, Trump chamou os parlamentares de desonestos e desleais e demandou que “entrassem na onda republicana, para variar”. O republicano Rand Paul rebateu dizendo que “nossa Constituição é muito específica de que impostos se originam na Câmara, vão para o Senado e depois vão para o presidente. Que tipo de sistema teríamos se todos os nossos impostos e leis fossem aprovados por apenas uma pessoa?”.
Maioria no Parlamento
O Partido Republicano conquistou 51 cadeiras no Senado, que, somadas ao cargo de senador que o vice-presidente dos EUA desempenha no país, garantem 52 vagas na Casa, composta por 100 membros.
Os aliados de Trump também conquistaram as 218 cadeiras necessárias para formar maioria na Câmara. Nas eleições deste ano, 435 novos deputados foram eleitos. Os mandatos deles têm duração de dois anos. Durante o governo Biden, a Câmara era de maioria republicana, realidade que deve se repetir. As eleições para a Câmara dos EUA ocorrem de dois em dois anos.