São Paulo — Os sequestradores de Valério Valdrighi, de 64 anos, levado por criminosos na noite de sexta-feira (4/4) em Tatuí, no interior de São Paulo, liberaram o empresário em razão da alta repercussão do caso, que foi registrado por uma câmera de segurança (veja abaixo). Foi isso o que explicou ao Metrópoles o delegado do Setor de Investigações Gerais (SIG) de Tatuí, Arthur Bariani.
“Ele [Valério] disse que os sequestradores falaram que era o dia de sorte dele, que a polícia já estava chegando e que o caso tinha tomado muita repercussão”, informou o delegado. “Realmente, o primeiro cativeiro a gente já tinha encontrado, e o vídeo tomou muita repercussão, acho que provavelmente por isso soltaram ele. Mas a gente vai continuar investigando.”
Dono de uma instituição financeira em Tatuí, Valério Valdrighi foi sequestrado por homens armados com fuzis quando saía de sua empresa, no fim da noite de sexta, na Rua Quinze de Novembro. Antes disso, a namorada dele, Natacha Ariboni, de 31 anos, também foi raptada, em outro endereço, por integrantes da mesma quadrilha.
De acordo com Arthur Bariani, ambos foram liberados sem sinais de ferimentos ou pagamento de resgate. Natacha foi liberada por volta das 4h de sábado, e em seguida foi registrar um boletim de ocorrência.
A partir do depoimento da mulher, os policiais encontraram o cativeiro em que ela foi mantida, na zona rural de Tatuí. O delegado acredita que em razão disso os criminosos resolveram também liberar Valério, no km 123 da Rodovia Dom Pedro I, na altura de Valinhos, às 10h de sábado.
Os sequestradores não levaram nada. “O que levantamos foi que ele [empresário] realmente não tinha limite de Pix para fazer durante a madrugada. Então, a gente acredita que iam ficar segurando ele até de manhã para poder fazer transferências”, disse o delegado.
O único item roubado foi a mala de mão que Valério segurava no momento em que foi levado. Segundo o delegado, dentro dela havia roupas, medicamentos e um sapato. Além do celular, até o dinheiro que o empresário carregava ficou com ele.
Como foi o crime
Segundo a Polícia Civil, Natacha ocupava um Volkswagen Cross quando o veículo foi interceptado pelos sequestradores, também armados com fuzis e com roupas semelhantes às da PF, na frente do edifício em que ela mora com Valério, no centro de Tatuí. Ela foi retirada do carro, colocada em um Toyota SW e levada pelos criminosos, por volta das 23h40. O grupo trajava roupas semelhantes às usadas pela Polícia Federal (PF).
A mulher foi solta pela quadrilha horas mais tarde, já na madrugada de sábado. Registros policiais indicam que ela estava “bastante abalada” e informou que ficou “no poder dos criminosos, rodando no interior do veículo e que foi abandonada pelos meliantes”. Ela não apresentava sinais de violência.
Uma câmera de monitoramento (assista abaixo) registrou o momento em que empresário saía de sua empresa com uma mala de mão. Quando se dirige a seu carro, Valério é interceptado por um Fiat Ducato branco. Um homem armado com fuzil e usando uma espécie de lenço cobrindo o rosto desce do carro e tenta se aproximar da vítima.
Valério corre com a mala na mão e é perseguido pelo criminoso. Enquanto isso, outro homem, também armado com fuzil, desembarca. O veículo branco e o segundo sequestrador se deslocam até o local onde Valério era abordado pelo primeiro criminoso. Essa cena fica fora do campo de visão das câmeras. É possível, porém, ouvir gritos da vítima. Em certo momento, o empresário diz “não ter dinheiro”.
A vítima é levada pelos sequestradores. O carro branco da quadrilha foi escoltado por ao menos outros dois veículos, ambos de cor escura, cujas placas já foram identificadas.
O sequestro foi testemunhado por um homem, que acionou a PM. O caso é investigado pela Polícia Civil.