São Paulo – O ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), afirmou, nesta segunda-feira (7/4), que a nova faixa do Minha Casa Minha Vida visa cobrir uma lacuna criada no financiamento de imóveis para a classe média por causa dos juros altos no país.
Em entrevista ao Metrópoles, o emedebista defendeu a faixa 4 do programa, destinada a famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, como uma forma de atender uma população “desassistida” atualmente, segundo ele.
“Isso aqui foi construído em cima de uma lacuna que o próprio mercado, por conta da taxa de juros, criou. E, sendo honesto, o presidente Lula já cobra desde o início do governo dele [a queda dos juros]”, afirmou Jader Filho.
A nova faixa do Minha Casa Minha Vida foi anunciada na semana passada, em meio a uma corrida do governo Lula para melhorar sua popularidade, abalada pela alta nos preços dos alimentos e por problemas como as fake news sobre uma possível taxação do Pix.
A última pesquisa Quaest apontou uma queda na aprovação de Lula, de 52% para 47%. O resultado foi o pior desde o início do mandato do petista. No Datafolha, o cenário foi melhor, com a aprovação de Lula subindo de 24% para 29%.
Apesar do contexto, Jader Filho nega que a nova faixa do Minha Casa Minha Vida tenha sido criada para responder à crise de popularidade.
“A popularidade do presidente Lula, que já está em processo de recuperação na minha avaliação, é uma composição de coisas. É óbvio, não estou dizendo para você que o governo não quer popularidade, mas não foi a busca pela popularidade que fez com que a gente anunciasse isso”.
A expectativa do Ministério das Cidades é de que o país chegue próximo a três milhões de casas no Minha Casa Minha Vida até 2026, com a adesão das famílias da classe média ao programa por meio da nova faixa.
Outra aposta da pasta para a segunda metade do governo são os retrofits, reformas em prédios vazios para torná-los habitação social, inclusive em edifícios que hoje já pertencem à União.
“A gente tem discutido muito dentro do próprio governo federal, com o Secretaria do Patrimônio da União, com o Ministério de Gestão e Inovação, para que a gente possa disponibilizar prédios públicos federais que não estão sendo utilizados”.
Segundo o ministro, neste momento, uma série de prédios pertencentes à União e que poderiam ser revertidos para o programa estão sendo analisados pela equipe do governo federal para uma possível adesão ao projeto.
Jader Filho falou também sobre denúncias de fraudes envolvendo empreendimentos ligados ao Minha Casa Minha Vida, e defendeu que eventuais suspeitas precisam ser investigadas pela polícia.
“Essas casas têm que ser para pessoas que, de fato, precisam delas. […] Não podemos admitir, em um país que tem o déficit habitacional que o nosso tem, pessoas que querem usar isso para alugar ou vender a custo de banana. É um problema de polícia, que precisa ser denunciado e punido de maneira severa”.
Projeto pró-anistia
O emedebista está em São Paulo para uma série de agendas e falou com o Metrópoles em uma sala no hotel onde está hospedado, na Avenida Paulista. Um dia antes da entrevista, a avenida foi palco do protesto pró-anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), do mesmo partido de Jader, foi um dos participantes. Questionado sobre o tema, o ministro disse que “essa não é a pauta do Brasil”.
“Eu acho que a gente precisa estar sintonizado com os temas da vida real da população. A questão da segurança pública, […] todo mundo tem que dar as mãos para resolver, porque o cidadão não quer saber se isso é responsabilidade de A, B ou C, ele quer que a solução aconteça. A questão do alimento, inflação, a gente precisa enfrentar isso. […] O que eu percebo é um pouco uma desconexão daquilo que é a pauta do cidadão comum, da pauta de determinados segmentos da política”.
Sem dizer se era contra ou a favor do projeto que prevê anistia aqueles que participaram dos atos golpistas, Jader disse que quem cometeu erros precisa ser punido.
“A gente precisa fazer o processo legal acontecer, de ambos os lados, de uma maneira correta, para que ninguém seja acometido de injustiça nenhuma. […] Quando você cometeu um equívoco, você tem que pagar pelo seu erro. Acho que a gente precisa parar dessa coisa inflamada e discutir de uma maneira ponderada para que não haja injustiças, mas que quem cometeu os erros seja punido, e precisa pagar os seus erros”.