Lula na Celac: “Nossa autonomia em cheque” diante de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou, na tarde desta quarta-feira (9/4), durante a 9ª Cúpula de Chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada em Tegucigalpa, Honduras. Em sua fala, o titular do Planalto afirmou que a hegemonia dos países da região está sob ameaça de restaurar novas hegemonias mundiais.

“Agora, nossa autonomia está novamente em cheque. Tentativa de restaurar antigas hegemonias pairam sobre a nossa região. A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas”, disse o petista.


Cúpula da Celac

  • Lula está em Honduras para participar da IX Cúpula da Celac, ao lado de líderes de 33 países da América Latina e Caribe.
  • Durante o encontro, são discutidas iniciativas como o Plano SAN-CELAC 2030 (segurança alimentar) e o Fundo Facrid (desastres naturais).
  • Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defende união regional diante do refluxo do unilateralismo e protecionismo no cenário global.
  • Colômbia assume a presidência da Celac; Uruguai é candidato para 2026.

O presidente Lula destacou ainda que “guerras comerciais” não possuem vencedores, em alusão às medidas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no comércio internacional.

“Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores. Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre um risco de regressar à condição de zona de influência, em uma nova divisão do globo entre superpotências”, destacou o líder brasileiro.

Durante o discurso, Lula também defendeu que os países da América Latina e do Caribe deixem as diferenças ideológicas de lado para unir forças para garantir a sobrevivência e expansão econômica da região.

“Nossa integração é uma tarefa inadiável, que não deve ficar à mercê de divergências ideológicas”, pontua. Por isso, é chegada a hora de enfrentar o debate e, sobre a regra do consenso — mesmo que reconhecemos o seu mérito de forjar convergência.”

O petista ainda destacou a importância do comércio entre os países da região, diante do mercado estabelecido com os Estados Unidos e a União Europeia.

“Em 2023, o comércio entre países da América Latina e Caribe correspondeu a apenas 14% das exportações da região. O volume de comércio anual que o Brasil mantém com os países da Celac é de US$ 86 bilhões, maior do que temos com os Estados Unidos e próximo do que possuímos com a União Europeia”, completou o presidente.

Como mostrou o Metrópoles, a reunião de líderes tem foco, neste ano, nas discussões sobre as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos e a indicação do novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O governo brasileiro defende que o nome escolhido seja de uma mulher.

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