Ainda com cautela sobre tarifas, bolsas dos EUA operam no vermelho

Apesar do recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao “tarifaço” imposto a mais de 180 países, os principais índices das bolsas de valores de Nova York operavam em queda nesta quinta-feira (10/4).


O que aconteceu

  • Por volta das 12h15 (pelo horário de Brasília), o índice Dow Jones recuava 2,61%, aos 39,5 mil pontos.
  • O S&P 500, por sua vez, tombava 3,19%, aos 5,2 mil pontos.
  • O Nasdaq Composite, que reúne ações de empresas do setor de tecnologia, cedia 3,8%, aos 16,4 mil pontos.
  • No dia anterior, o Nasdaq disparou 12%, seu melhor resultado desde 2001.

Recuo de Trump gera alívio, mas mercado mantém cautela

A decisão de Trump de suspender por 90 dias a aplicação do “tarifaço” anunciado na semana passada foi recebida com alívio e euforia no mercado financeiro, tanto no Brasil quanto no exterior. Mas investidores ainda mantêm certa cautela.

O governo dos EUA colocou um ponto final do pânico generalizado que havia se espalhado entre os investidores e anunciou o aumento apenas da tarifa sobre os produtos da China, para 125%. Trump reduziu para 10%, por 90 dias, as taxas aplicadas a outros países de forma recíproca. No caso do Brasil, que já tinha sido taxado no percentual mínimo de 10%, nada muda.

Após o alívio no “tarifaço” de Trump, os principais índices das bolsas de valores da Europa abriram o pregão desta quinta-feira operando em alta. As bolsas da Ásia fecharam com ganhos.

Na noite de quinta-feira (9/4), o próprio Trump baixou o tom da guerra comercial declarada contra a China e deu indicações de que os dois países podem chegar a um acordo em breve. Nesta semana, a China impôs taxas de 84% sobre produtos norte-americanos.

Em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca, Trump fez elogios ao presidente da China, Xi Jinping, a quem chamou de “amigo”.

“Eu gosto dele, eu o respeito, é um cara inteligente que ama seu país, isso é um fato, eu o conheço muito bem”, afirmou o líder norte-americano. “Eu acho que ele vai querer chegar a um acordo, acho que isso acontecerá”, completou Trump.

União Europeia também suspende tarifas

A União Europeia (UE) anunciou nesta quinta-feira que irá suspender por 90 dias a aplicação de tarifas comerciais retaliatórias de 25% aos EUA, após o recuo de Trump em relação ao “tarifaço”.

De acordo com a Comissão Europeia, os líderes do continente veem espaço para um avanço das negociações com a Casa Branca para a diminuição ou mesmo a suspensão definitiva das tarifas aplicadas sobre os produtos importados dos países do bloco.

A represália dos europeus era uma resposta à decisão de Trump de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio dos países da UE. Além disso, o bloco foi alvo de taxas adicionais de 20% sobre praticamente todos os demais produtos.

O pacote de medidas aprovado pelos europeus, agora interrompido, teria um impacto de 20 bilhões de euros (cerca de R$ 129,5 bilhões, pela cotação atual) e atingiria produtos como soja, suco de laranja, carne, motos e itens de beleza.

Inflação e seguro-desemprego nos EUA

Para além das preocupações do mercado com os desdobramentos da guerra comercial, os investidores acompanham nesta quinta-feira a divulgação de índices econômicos nos EUA.

A Secretaria de Estatísticas Trabalhistas (BLS) dos EUA divulgou o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação do país, referente ao mês de março. O indicador ficou negativo em 0,1%, indicando deflação no mês passado, em relação a fevereiro. Na taxa anual, o índice foi de 2,4%.

Em fevereiro, a inflação ao consumidor nos EUA ficou em 0,2% (na base mensal) e 2,8% (na comparação anual).

As estimativas do mercado eram de que a inflação nos EUA em março fosse de 0,1% (em relação a fevereiro) e 3% (na comparação com março do ano passado).

Já o Departamento de Trabalho dos EUA anuncia os novos números de pedidos de seguro-desemprego, solicitados na semana até 5 de abril. Na semana anterior, foram 219 mil pedidos. A projeção é que tenham sido feitos 223 mil pedidos.

Análise

Para Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, o momento ainda é de cautela nos mercados, mesmo com o alívio após o recuo dos EUA. “Aguardemos os próximos passos. Acredito que o mercado norte-americano ainda está na dúvida. Ontem saiu a notícia da pausa das taxações, reagiram bem, corrigiram parte da queda, estavam com cinco dias consecutivos de tombo”, observa.

“Vamos ver o que vai acontecer e acompanhar o pregão. Mas acredito que vamos ainda ter muita volatilidade nesses próximos dias e o investidor precisa ter calma e fôlego para lidar com essas altas e baixas.”

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