O empreendedorismo feminino não é uma discussão recente e, graças aos anos de debates sobre o tema, já vemos grandes avanços estruturais. No entanto, as mulheres ainda enfrentam desafios financeiros e culturais que comprometem o pleno desenvolvimento de seus negócios. Por outro lado, hoje há mais oportunidades que ajudam as empreendedoras a superar esses obstáculos com menos dificuldade.
De acordo com o Panorama do Empreendedorismo Feminino no Brasil, publicado pelo Governo Federal em 2024, apenas 3% das mulheres que empreendem geram empregos. Além disso, essas mulheres ganham em média 20% a menos com seus negócios quando comparadas aos homens. Esses números ficam ainda mais alarmantes quando olhamos para startups e tecnologia: apenas 19% das startups são fundadas por mulheres, de acordo com o Mapeamento do Ecossistema da Abstartups.
O empreendedorismo feminino não pode ser analisado sem considerar fatores culturais e sociais. Mais do que números e estatísticas, os desafios enfrentados pelas mulheres refletem uma desigualdade estrutural que impacta diretamente como o mercado recebe empresas lideradas por elas. Superar essa barreira exige políticas públicas eficazes, mudanças culturais e um esforço conjunto para remover os principais entraves ao crescimento de negócios liderados por mulheres.
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Uma das principais barreiras para o crescimento de empresas lideradas por mulheres é a dificuldade de acesso a crédito e investimento. Bancos e investidores frequentemente subestimam a capacidade de retorno de negócios liderados por mulheres, o que cria um ciclo vicioso: sem financiamento, essas empreendedoras têm menos recursos para escalar suas operações ou investir em inovação.
É fundamental que bancos e investidores revisem seus critérios de concessão de crédito para garantir que mulheres tenham as mesmas oportunidades de financiamento que os homens. Além disso, o mercado precisa valorizar mais os negócios liderados por mulheres, reconhecendo sua capacidade de crescimento e inovação. Ao mesmo tempo, é essencial que as mulheres se fortaleçam, criando redes de apoio e aprimorando suas estratégias de gestão para superar esses desafios.
Como reflexo dessas dores do mercado, diversas redes de apoio às mulheres empreendedoras foram criadas. Associações, programas de aceleração e iniciativas privadas oferecem suporte específico para mulheres, conectando-as a investimentos, mentorias e capacitações.
A Rede Mulher Empreendedora, fundada em 2017, tem como foco a geração de renda para mulheres e a promoção de iniciativas para reduzir a desigualdade social. Outra iniciativa importante é o Sebrae Delas, dedicado a promover eventos e conexões entre mulheres que sonham em empreender. Movimentos que incentivam essa sororidade empreendedora também existem em nichos mais específicos, como a Women in Fintechs que apoia mulheres atuando com inovação no mercado financeiro e a B2Mamy, focada em mães empreendedoras. Do lado dos investimentos, a Sororité foi criada como uma Venture Capital que investe exclusivamente em startups fundadas por mulheres.
Eventos de empreendedorismo também são espaços valiosos para criar conexões estratégicas e acessar novas oportunidades. Eles oferecem um ambiente mais seguro para mulheres, permitindo conexões genuínas com potenciais parceiros, investidores e clientes. Além disso, cada vez mais existem eventos voltados especificamente para empreendedoras, criando um espaço onde suas dores e desafios são reconhecidos e abordados.
As mentorias são uma fonte valiosa de aprendizado e apoio, mas muitas vezes são subestimadas pelos empreendedores – e devem ser ainda mais valorizadas pelas mulheres. Ter uma mentora que já passou pelos mesmos desafios pode ser um diferencial para qualquer empreendedora. Instituições como a Abstartups e o Sebrae oferecem mentorias nas quais é possível escolher profissionais experientes para ajudar na jornada. Ter alguém que compreende os desafios enfrentados por uma mulher no mercado pode acelerar o crescimento e evitar erros comuns.
É essencial que haja mudanças tanto na forma como o mercado enxerga as mulheres empreendedoras, quanto na postura das próprias empreendedoras diante das oportunidades. O isolamento pode prejudicar o crescimento de qualquer negócio. Nos momentos mais desafiadores, é essencial buscar apoio e fortalecer redes de contato.
O futuro do empreendedorismo feminino é promissor, e quanto mais mulheres ocuparem espaços de destaque, mais acessível esse caminho se tornará para as próximas gerações. O desafio é grande, mas a mudança já está acontecendo – e as empreendedoras de hoje são protagonistas dessa transformação e da própria história.
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