TJSP condena secretário e GCM de cidade na Grande SP por furtar carnes

São Paulo — A Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou, em segunda instância, o secretário da Segurança Pública de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, Sandro Torres Amante, por furtar dois açougues no município. Os crimes aconteceram no dia 18 de junho de 2018, mas o secretário só foi  sentenciado neste ano.

Além de Sandro, também foi condenado Marcelo Cruz Dellavale e mantida a condenação de Gutenbergue Martins Silva, este último subcomandante da Guarda Civil Municipal de Ribeirão Pires à época. A decisão foi proferida após um recurso apresentado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Originalmente, a denúncia apresentada pelo órgão acusava os três condenados de participar dos dois furtos nas casas de carnes. A pena dos três foi fixada em 2 anos e 11 meses de reclusão em regime semiaberto e 14 dias-multa para cada um.

A Justiça concluiu que Gutenbergue foi o responsável por mover a posição das câmeras de segurança do estabelecimento no momento dos furtos. De acordo com a decisão, relatos apontaram que o suspeito esteve na sala de monitoramento das câmeras da cidade “em horário próximo dos crimes e mexeu no posicionamento das câmeras”. Além disso, o órgão apontou que ele e Sandro se encontraram na mesma sala, no dia seguinte, e depois disso, as imagens relacionadas aos fatos sumiram.

Apesar da modificação da área de fiscalização dos equipamentos eletrônicos, algumas câmeras captaram os veículos e uma movimentação suspeita dos réus nas proximidades dos açougues roubados. Segundo o documento do Tribunal de Justiça, os registros de segurança mostraram os suspeitos transportando parte dos itens roubados do carro de Gutemberg para o de Marcelo pouco depois do furto.

A Justiça aponta ainda que os suspeitos admitiram estar pela região onde os crimes ocorreram, “apresentando justificativas contraditórias, não comprovadas e inverossímeis para tanto”. Em defesa ao recurso, os suspeitos alegaram quebra da cadeia de custódia das imagens, mas o Tribunal afastou essa alegação, reconhecendo a validade das provas.

Com a decisão, a Justiça pediu o afastamento de Sandro e Gutembergue dos respectivos cargos públicos após o término do tramite judicial do caso.

O Ministério Público ainda acusou os três pelo crime de organização criminosa, visto que, segundo o órgão, entre os os dias 18 de junho de 2018 e 1° de abril de 2019, os três teriam constituído, organizado e integrado uma milícia particular ou grupo, com a finalidade de praticar delitos previstos no Código Penal, como homicídio, furtos, corrupção passiva e extorsões em Ribeirão Pires. Entretanto, a Justiça entendeu que não há provas para a condenação.

Em nota, o advogado de Marcelo Dellavale afirmou que recorreu da decisão. O Metrópoles ainda não localizou o contato da defesa de Gutenbergue e Sandro. O espaço está aberto.

Itens roubados

Segundo o documento da Justiça, na madrugada do dia 18 de junho de 2018, os suspeitos foram até a rua João Domingues de Oliveira e roubaram “mediante uso de chave falsa e com abuso de confiança”, 15 kg de picanha, 10 kg de contrafilé, 12 kg de alcatra, um cofre e R$ 8 mil em dinheiro, pertencentes a um dos açougues.

Dez minutos depois, os mesmo suspeitos foram até a Rua Bosta Vista, a 500 metros do local do primeiro roubo, e furtaram cinco câmeras de vigilância, um gravador de DVD do circuito de monitoramento, 20 kg de carne bovina, dois modem de internet e R$ 20 mil em dinheiro e cheques pertencentes a outro açougue.

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