Porto Alegre – Em menos de 24 horas, seis mulheres foram vítimas de feminicídio no Rio Grande do Sul, segundo a Polícia Civil. Os crimes ocorreram na sexta-feira (18) em diferentes cidades. De acordo com o delegado Fernando Sodré, os casos não têm ligação entre si, mas refletem o mesmo padrão: a violência baseada no machismo estrutural.
Os assassinatos ocorreram em contextos de relacionamentos anteriores ou atuais. Em comum, segundo Sodré, está o “sentimento de posse” que os agressores nutriam em relação às vítimas. A Polícia acredita que o machismo e a misoginia estão no centro desses crimes.
Seis mulheres mortas em 24 horas
- Caroline Machado Dorneles, de 25 anos, estava grávida e tinha uma filha de 5 anos. Ela foi morta com facadas pelo ex-companheiro, que está foragido.
- Raíssa Müller, de 21 anos, e o namorado Eric Richard de Oliveira Turato, de 24, foram esfaqueados dentro de casa. O ex-namorado de Raíssa é o suspeito. Ele invadiu o imóvel após ver fotos do casal nas redes sociais. O agressor foi preso após tentativa de suicídio.
- Uma mulher de 47 anos foi assassinada dentro de casa. O ex-companheiro, de 54 anos, foi preso. A filha da vítima, de 6 anos, presenciou o crime. Os nomes foram preservados.
- Patrícia Viviane de Azevedo, de 50 anos, levou um tiro na cabeça. Familiares relataram que ela havia encerrado recentemente o relacionamento com o agressor, que fugiu.
- Jane Cristina Montiel Gobatto, de 54 anos, morreu após ser esfaqueada pelo companheiro, de 64 anos. Ele foi preso em flagrante.
- Simone Andrea Meinhardt também foi morta a facadas. O autor do crime, seu companheiro, foi detido no local. A polícia recolheu facas sujas de sangue na cena.
Medida protetiva digital começa a funcionar
A partir da próxima semana, mulheres em situação de violência doméstica poderão solicitar medidas protetivas de urgência pela internet no Rio Grande do Sul. O novo sistema permitirá registrar a ocorrência policial e solicitar proteção sem precisar ir até uma delegacia.
O delegado Fernando Sodré explicou que a medida busca alcançar vítimas que não denunciam por medo.
“Até 90% das vítimas de feminicídio não têm medida protetiva ativa. Com esse sistema, esperamos ampliar o atendimento e reduzir os casos de feminicídio”, afirmou.
Ferramenta online será lançada na terça-feira
A Polícia Civil planeja lançar oficialmente o novo sistema na terça-feira (22). A data ainda aguarda confirmação.
O registro poderá ser feito de forma virtual, e a medida protetiva poderá ser concedida sem que o agressor tome conhecimento imediato, o que garante mais segurança à vítima.
Segundo o delegado Christian Nedel, diretor do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis, a medida digital é essencial.
“O mecanismo legal mais crucial que temos hoje é a medida protetiva de urgência”, afirmou.
Ele ressaltou que tanto o boletim físico quanto o digital são fundamentais para interromper o ciclo de violência.
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