São Paulo — Igor Sales, o namorado da jovem Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, que foi encontrada morta na última quinta-feira (17/4), nos fundos de um estacionamento na zona leste de São Paulo, lembrou, em entrevista ao Metrópoles, os últimos momentos ao lado companheira.
Ele disse que, antes de desaparecer, a estudante havia passado a semana inteira na casa dele, no bairro do Butantã, na zona oeste de São Paulo, e precisou ir embora no domingo (13/4) para buscar o filho, que estava na casa do pai.
Igor contou que Bruna costumava passar bastante tempo na casa dele, segundo ele, devido a problemas de convivência que tinha com o pai. O casal estava junto há quatro meses. “Ela queria sair de lá [da casa do pai]. Ela passava mais tempo aqui do que lá”, disse o namorado.
A mestranda da Universidade de São Paulo (USP) havia sido vista pela última vez em um terminal de ônibus da estação de metrô Itaquera.
Estudante desaparecida
- Bruna desapareceu no trajeto entre a estação Itaquera do metrô e casa onde morava com os pais na zona leste
- Ela voltava da casa do namorado, no Butantã, zona oeste
- No terminal da estação Itaquera, ela precisou carregar o celular em uma banca de jornal. Nesse momento, chegou a mandar uma mensagem para o namorado pedindo dinheiro para voltar para casa por carro de aplicativo, porque já estava tarde
- Ele transferiu o valor, mas o celular da estudante teria descarregado e não foi mais possível ter contato com ela
- Conforme Karina Amorim, amiga da vítima, a última vez que ela acessou o WhatsApp foi às 22h21 do domingo
- A família de Bruna entrou em contato com a plataforma de carros de aplicativo, que informou que a jovem não chegou a solicitar uma corrida naquela noite
Namorado relembra cronologia
Bruna havia ido para a casa de Igor, que fica no Butantã, na zona oeste, na semana anterior, numa quarta-feira (9/4). No sábado, voltou para a residência da família, em Itaquera, e, depois, foi se encontrar uma amiga. Bruna voltou para a casa de Igor no mesmo sábado à noite, indo contra o conselho do namorado.
“Eu tinha falado para ela não vir, porque ela tinha que pegar o filho dela no domingo de manhã”, explicou.
Segundo Igor, era comum Bruna ter que insistir para que o ex ficasse com o menino. No domingo, ela pediu para o pai de seu filho levar a criança na segunda-feira de manhã. Assim, ela poderia ficar mais tempo da casa do atual namorado.
O ex não concordou com a mudança. Bruna, então, pediu para o ex combinar com seu pai um encontro da estação de metrô para que ele entregasse a criança.
“Ela ficou comigo até 20h, até o limite, porque o pai dela tinha que ir trabalhar às 22h30, então, ela tinha que ir embora”, lembrou Igor. Ele diz que ofereceu, como sempre fazia, levá-la de moto até em casa. Porém, como havia chovido muito no Butantã, Bruna pediu apenas uma carona até a estação de metrô.
Igor contou que Bruna chegou na estação Itaquera por volta de 22h. Lá, descobriu ter perdido o ônibus que passava próximo à sua casa e decidiu fazer o trajeto a pé. Igor pediu que ela pegasse um carro de aplicativo e transferiu o valor para que a jovem pagasse a corrida. Às 22h09, ela disse que estava carregando o celular em uma banca de comércio e que iria esperar até que valor da viagem via app ficasse mais barato. Às 22h19, ela mandou: “estou indo”.
“Depois de 10 minutos eu mandei mensagem, perguntando se tinha dado certo, porque [a estação] é bem próxima da casa dela. Não dá nem cinco minutos. A mensagem chegou, mas ela não respondeu. Comecei a ligar e nada”, contou Igor.
Ele achou que a namorada poderia estar sem energia elétrica em casa e, como estava sem bateria antes, teria ido dormir. Durante a madrugada, Igor acordou algumas vezes e conferiu o celular, ainda sem resposta de Bruna.
“Quase desabei”
No dia seguinte, Igor acordou com uma ligação dos parentes de Bruna, perguntando se ela estava na casa dele. “Quando falaram isso pra mim, eu quase desabei”, afirmou.
Bruna Oliveira da Silva foi encontrada nos fundos de um estacionamento, na Avenida Miguel Ignácio Curi, região da Vila Carmosina, na zona leste de São Paulo. Ela estava nua e apresentava sinais de agressão.
A informação foi confirmada ao Metrópoles pela tatuadora Karina Amorim, de 29 anos, amiga da mestranda da Universidade de São Paulo (USP).
Ela ficou quatro dias desaparecida até ser encontrada no estacionamento, com marcas de agressão “com algum objeto cortante” e sem peças de roupa, indicando possibilidade de violência sexual, informou a amiga.