Na última segunda-feira (21/4), logo após o domingo de Páscoa, o papa Francisco morreu, aos 88 anos. Após o triste e histórico acontecimento, sempre ocorre uma tradição voltada para um item específico do pontífice: a destruição de um anel, conhecido como Anel do Pescador.
Vem saber por que esse ritual ocorre desde 1521 e quais são as curiosidades do anel, tradicionalmente usado na mão direita!

Tradição do anel
O nome “Anel do Pescador” refere-se a Pedro, apóstolo de Jesus que era pescador. Ele é considerado pelo catolicismo como o primeiro papa e também aparece representado no design da joia, junto a elementos como a rede de pesca e o nome do pontífice.
A destruição do anel ocorre porque, alguns séculos atrás, a peça era usada como selo – uma sinete – para documentos e correspondências papais. Então, para evitar que houvesse versões adulteradas, o objeto era destruído após a morte de cada pontífice.
Mesmo depois que o acessório perdeu a função de selo com a substituição por um carimbo, em 1842, a tradição foi mantida de maneira simbólica, como uma das formas de formalizar o “fim” da autoridade daquele papa. Entre os fieis, há uma tradição de beijar a joia.

Versão do papa Francisco
Tradicionalmente, a cada novo papa que assume o cargo máximo da Igreja Católica, um novo anel é feito. Cada peça, confeccionada após um novo conclave, é única e de uso exclusivo do pontífice.
Conhecido pela abordagem modesta, o papa Francisco usava um exemplar de prata banhado a ouro, por opção própria. O item era baseado no molde de um anel de posse do arcebispo Pasquale Macchi (1923-2006), que foi secretário do papa Paulo VI (1897-1978).

O argentino, à frente da Igreja Católica por 12 anos, usava pouco a peça. Geralmente, colocava a joia em ocasiões formais, mas normalmente era visto com um modelo prateado mais simples, que usou durante o período como cardeal.
Como o anel é destruído
Após confirmada a morte do papa, a peça é destruída com um martelo pelo cardeal camerlengo. No caso do papa Francisco, o cardeal Kevin Joseph Farrell. A destruição ocorre diante do Colégio Cardinalício, antes que se inicie um novo conclave, o ritual que elege o próximo pontífice.
Com Bento XVI (1927-2022), que substituiu João Paulo II (1920-2005) e renunciou ao cargo em 2013, a peça não foi destruída, mas alterada, já que ele ainda estava vivo. Na ocasião atípica, a primeira renúncia de um papa em seis séculos, o cardeal camerlengo marcou a joia com o símbolo de uma cruz, com auxílio de uma talhadeira.

Polêmica dos beijos
Os tradicionais beijos dos peregrinos no anel do papa renderam uma polêmica em 2019. O papa Francisco foi visto retirando a mão durante algumas tentativas dos fiéis de beijar a joia. O Vaticano, depois, explicou que tratava-se de uma medida de higiene.
O funeral do papa Francisco, com cerimônia aberta ao público, ocorrerá neste sábado (26/4), a partir das 5h no horário de Brasília (em Roma, às 10h).