INSS: acordos com 10 entidades foram assinados em gestões anteriores

O Ministério da Previdência Social (MPS), chefiado por Carlos Lupi, apresentou, nesta sexta-feira (25/4), nota oficial na qual destaca que, das 11 entidades investigadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), apenas uma teve acordo assinado em 2023 — início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT). As demais são de 1994, 2014, 2017 (dois acordos), 2021 e 2022 (cinco acordos) — dois últimos anos da gestão de Jair Bolsonaro (PL).

“Como é possível observar, esses descontos vinham ocorrendo em governos anteriores. Na atual gestão, ações imediatas foram tomadas”, frisou o MPS em trecho da nota.

Lupi se refere ao esquema que desviou dinheiro de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O caso foi revelado pelo Metrópoles.

No comunicado, a pasta confirmou que os aposentados e pensionistas que tiveram desconto de mensalidade não autorizado no contracheque terão o dinheiro devolvido na próxima folha de pagamento. Além disso, as mensalidades foram descontinuadas.

O MPS acrescentou que todos os Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com entidades e associações investigadas pela CGU foram suspensos. No caso da devolução dos descontos datados antes de abril, a avaliação será feita pela Advocacia Geral da União (AGU).

Entidades investigadas pela CGU e ano da assinatura do acordo:

  • Contag – 1994
  • Sindnapi – 2014
  • Ambec – 2017
  • Conafer – 2017
  • AAPB – 2021
  • AAPPS Universo – 2022
  • Unaspub – 2022
  • APDAP PREV (antiga Acolher) – 2022
  • ABCB/Amar Brasil – 2022
  • CAAP – 2022
  • AAPEN (antiga ABSP) – 2023

O material do ministério também mostrou um levantamento referente ao número de cancelamentos de 2020 a 2025. De acordo com os dados presentes na tabela, houve um aumento de cancelamentos de 2023 até este ano.


Entenda o caso revelado pelo Metrópoles

  • Em março de 2024, o Metrópoles revelou, a partir de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que 29 entidades autorizadas pelo INSS a cobrar mensalidades associativas de aposentados tiveram um salto de 300% no faturamento com a cobrança, no período de um ano, enquanto respondiam a mais de 60 mil processos judiciais por descontos indevidos.
  • A reportagem analisou dezenas de processos em que as entidades foram condenadas por fraudar a filiação de aposentados que nunca tinham ouvido falar nelas e, de uma para outra, passaram a sofrer descontos mensais de R$ 45 a R$ 77 em seus benefícios, antes mesmo de o pagamento ser feito pelo INSS em suas contas.
  • Após a reportagem, o INSS abriu procedimentos internos de investigação, e a Controladoria-Geral da União (CGU) e a PF iniciaram a apuração que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira.
  • As reportagens também mostraram quem são os empresários por trás das entidades acusadas de fraudar filiações de aposentados para faturar milhões de reais com descontos de mensalidade. Após a publicação das matérias, o diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, foi exonerado do cargo.

O caso voltou aos holofotes após a Polícia Federal (PF) fazer uma megaoperação, chamada de Sem Desconto, nessa quarta-feira (23/4), para investigar cobranças indevidas feitas por entidades em contas de pensionistas e aposentados do INSS.

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Policia Federal faz busca na sede do INSS, em Brasília

Polícia Federal deflagrou operação por fraudes no INSS
Polícia Federal deflagrou operação por fraudes no INSS
Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais
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O argumento da cobrança era sobre vantagens em serviços como plano de saúde, seguro e auxílio-funeral

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Policia Federal faz busca na sede do INSS, em Brasília

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As entidades teriam feito cobranças que alcançaram R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024, segundo a PF

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No total, estão sendo cumpridos 211 mandados de busca e apreensão e outros 6 de prisão, além de ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão

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Com isso, o diretor-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e, posteriormente, demitido na quarta-feira.

A operação resultou no afastamento de Stefanutto e outros quatro membros da cúpula do órgão:

  • o procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho;
  • o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente do INSS, Giovani Batista Fassarella Spiecker;
  • o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa dos Santos; e
  • o coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS, Jacimar Fonseca da Silva.
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