São Paulo – A despedida final ao Papa Francisco, morto aos 88 anos na última segunda-feira (21/4), foi acompanhada neste sábado (26/4) por católicos de todo o mundo. O primeiro pontífice latino-americano foi sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, após um cortejo que saiu do Vaticano e percorreu a capital italiana.
Durante a semana, milhares de fiéis fizeram fila para ver o “papa dos pobres” pela última vez. Com um pontificado focado em aproximar a Igreja da população, Francisco abriu mão de luxos, destacou-se pela preocupação com os mais vulneráveis, e conquistou fiéis com posicionamentos voltados a uma Igreja mais aberta e inclusiva. Mas será que a trajetória do Papa Francisco pode fazê-lo virar um santo?
Quem foi Papa Francisco?
- Francisco foi o primeiro papa latino-americano, sucedendo Bento XVI após a renúncia.
- Jorge Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936, filho de imigrantes italianos.
- Formado em química, decidiu seguir a vida sacerdotal aos 20 anos, em 1958. Papa Francisco lecionou na Faculdade de São Miguel e obteve doutorado em teologia pela Universidade de Freiburg, na Alemanha.
- Em 2013, foi escolhido Papa após Bento XVI renunciar ao cargo.
Como alguém vira santo?
A história da igreja católica conta com uma série de pontífices que foram alçados ao posto de santos, mas a decisão envolve uma complexa investigação, que analisa desde a “fama de santidade” do candidato ao posto, até os supostos milagres que teriam sido realizados por ele.
Segundo o Dicastério para as Causas dos Santos, departamento da Igreja responsável por acompanhar os casos, podem ser canonizados os chamados “mártires” – pessoas que ofereceram a própria vida pela fé; os “confessores”, que foram testemunhas de fé; e aqueles que tiveram atos “supremos de caridade”, a chamada “oferta de vida”.
O processo de canonização começa com a coleta de documentos e testemunhos sobre a vida e a santidade do candidato. Nessa etapa, a Diocese abre uma investigação e o candidato é classificado como “Servo de Deus”.
A igreja, então, verifica se o candidato teve “disposição de fazer o bem com firmeza, continuidade e sem hesitação”, ou se atende às exigências do martírio cristão, ou da oferta da vida, nos outros dois casos de santificação.
A investigação precisa demonstrar que o candidato teve virtudes em um nível “acima da média”.
Todo o material coletado é entregue ao Dicastério para as Causas dos Santos, em Roma, que dá continuidade ao processo. O caso é então estudado por um grupo de Consultores Teológicos e, em alguns casos, também por uma comissão de Consultores Históricos.
O candidato precisa receber votos favoráveis pela maioria dos membros dos grupos e, depois, ser aprovado pelos Bispos e Cardeais do Dicastério, para avançar no processo.
Beatificação, a fase intermediária
Aqueles que avançam com a candidatura ganham o título de beatos, considerado o estágio intermediário para a canonização.
Todos os candidatos aprovados por causa de seu martírio são imediatamente considerados beatos. Já os outros precisam ter um milagre reconhecido para serem beatificados. A beatificação é decretada pelo Papa.
Depois disso, salvo raras exceções, um segundo milagre precisa ser atribuído ao beato para que ele se torne santo. As análises sobre os milagres envolvem comissões médicas, com crentes e não crentes, que avaliam todos os casos de curas supostamente não explicáveis cientificamente.
Durante o processo de canonização, um representante a favor da santidade do candidato defende a causa, e outro, do próprio Dicastério, é responsável por criticar os documentos, até que a decisão final seja tomada.
No fim, se a análise terminar com a indicação para a canonização, o Papa canoniza o beato, que é declarado santo.
O último papa declarado santo foi o Papa João Paulo II, que teve a canonização decretada por Francisco em 2014 em um processo extraordinário e mais rápido que o comum.