Três ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de representantes do Tesouro Nacional, participaram nesta segunda-feira (28/4), do lançamento do 2º Leilão Eco Invest, que pretende obter recursos para o financiamento de projetos de recuperação de terras degradadas e converter essas áreas em sistemas produtivos sustentáveis.
Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) estiveram presentes no lançamento do programa, no escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo, e falaram com os jornalistas.
Em seu pronunciamento, Haddad disse que o leilão tem como objetivo “turbinar o plano de recuperação das pastagens brasileiras”.
“Tivemos recorde na redução de desmatamento mais uma vez com a ministra Marina, provando que é possível expandir produção com respeito ao meio ambiente. Não há alternativa ao desenvolvimento sustentável e não se trata de uma conciliação entre polos antagônicos, mas de uma nova concepção de desenvolvimento que se impõe à luz dos dados e das mudanças climáticas”, afirmou Haddad.
“Se esse projeto ganha tração, imaginem o que isso vai representar de preservação ambiental. Não estou de olho só com o que vai ser produzido nessa terra, mas também com aquilo que vai ser preservado. Essa terra vai servir a muitas coisas. É um mundo de possibilidades que estamos abrindo”, prosseguiu o chefe da equipe econômica.
Haddad garantiu ainda que “não vai faltar empenho da Fazenda” para que o programa ecológico do governo avance. “Nós estamos completamente irmanados aos propósitos dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente”, assegurou. “É um ganha-ganha.”
Ainda segundo o ministro da Fazenda, “o Brasil precisa de um quarto PND [Plano Nacional de Desenvolvimento]. “Se esse quarto PND se configurar, ele terá a cara da sustentabilidade. Nós vamos conciliar tudo isso em torno de uma visão de futuro muito promissora para o nosso país”, disse Haddad.
Marina
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também celebrou a nova etapa do Leilão Eco Invest, que classificou como “parte da implementação do nosso plano de transformação ecológica”.
“Foi um trabalho muito operoso que tenta fechar várias brechas das práticas sustentáveis e abre novos caminhos para as atividades produtivas sustentáveis na área da agricultura”, afirmou.
Segundo a ministra, “geralmente, a gente olha para os recursos fiduciários que temos, mas não vemos o capital natural com o mesmo cuidado”. “Como eles são as bases de toda e qualquer atividade econômica, é fundamental que tenhamos a valorização do capital natural e dos serviços ecossistêmicos que eles prestam”, disse.
“O Ministério do Meio Ambiente tem trabalhado incansavelmente na agenda do desenvolvimento sustentável. Muitas vezes isso não é visível. Estamos implementando, de fato, uma política ambiental de forma transversal. Isso faz a diferença”, completou Marina.
Fávaro
O ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, afirmou que o leilão é “um compromisso” do governo Lula. “Todos podem olhar no plano de governo proposto nas eleições de 2022 e nós mostramos ao Brasil, ao mundo e à agropecuária como deveria ser o crescimento desse setor tão importante. Um crescimento sustentável”, disse.
Fávaro lembrou ainda dos dois Planos Safras aprovados pelo atual governo – que receberam críticas de setores do agro – e que seriam, segundo ele, “os maiores da história”.
“Com as boas práticas e as boas relações internacionais restabelecidas pelo presidente Lula, o Brasil ganha cada vez mais mercados”, afirmou.
O programa
Segundo o governo federal, o objetivo do 2º Leilão Eco Invest é recuperar 1 milhão de hectares de terras degradadas nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal.
O Programa Eco Invest Brasil – Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial é uma iniciativa criada para facilitar a atração de investimentos privados estrangeiros essenciais para a transformação ecológica do país. Ele integra o Plano de Transformação Ecológica do Brasil.
O Eco Invest Brasil foi instituído no âmbito do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC), que disponibiliza recursos para financiar projetos, estudos e empreendimentos que busquem a redução de emissões de gases de efeito estufa e a adaptação aos efeitos da mudança do clima.
Este é o segundo leilão do programa Eco Invest. Nesta etapa, ele conta com a parceria do Ministério da Agricultura e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Atualmente, de acordo com dados do governo federal, cerca de 280 milhões de hectares no Brasil são usados para a agropecuária – dos quais 165 milhões de hectares são de pastagens e 82 milhões estão degradados. A meta do programa é recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens nos próximos 10 anos.
Além de Haddad, Marina e Fávaro, participaram do lançamento da nova etapa do leilão o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron; o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco; e o assessor Especial do Ministério da Agricultura, Carlos Ernesto Augustin.
Também marcaram presença a embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq, e a chefe da Representação do BID no Brasil, Annette Killmer.