Quem é CEO preso em operação contra tráfico internacional de drogas

São Paulo — Contador, empreendedor e CEO da Quadri Contabilidade, Rodrigo Morgado foi preso na manhã dessa terça-feira (29/4), durante a Operação Narco Vela, da Polícia Federal, contra o tráfico internacional de drogas.

O homem se tornou conhecido depois que a auxiliar de contabilidade Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, teve que devolver um Jeep Compass ganhado em sorteio após ser demitida da empresa dele.

Rodrigo foi preso em flagrante na capital paulista por porte ilegal de uma arma encontrada dentro do carro dele. Contra ele, havia mandados de busca e apreensão em Santos, Bertioga e São Paulo. Na operação, os policiais federais estavam realizando apreensões nos endereços relacionados ao CEO quando, dentro de um dos dois carros de luxo (veja abaixo) apreendidos, encontraram o armamento.

Quem é o CEO?

Pai de dois filhos, Rodrigo fundou a Quadri Contabilidade, que fica em Santos, no litoral paulista. Ele se define, no LinkedIn como contador especializado no mercado digital e offshore, se considerando um visionário, com mais de 10 anos de experiência no mundo contábil.

O empreendedor cursou ciências contábeis na Universidade São Judas Tadeu e realizou especialização em gestão empresarial na Faculdade Getúlio Vargas (FGV). Rodrigo iniciou sua jornada acadêmica como técnico, em 2017. Ele fez um intercâmbio em Londres, na EF School, onde se especializou em business and finance.


Operação Narco Vela

  • A operação buscava desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas, especialmente para o continente europeu e africano, com o uso de satélites e embarcações capazes de atravessar o oceano como barcos e veleiros.
  • Foram cumpridos mandados em SP, RJ, PA, SC e MA, além de Estados Unidos, Itália e Paraguai.
  • Mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do estado de São Paulo saíram às ruas.
  • Eles cumpriam quatro mandados de prisão preventiva, 31 mandados de prisão temporária e 62 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Federal de Santos.
  • A investigação que levou à Operação Narco Vela iniciou-se a partir da apreensão de três toneladas de cocaína em fevereiro de 2023, dentro de um veleiro brasileiro, em alto-mar próximo ao continente africano, com a abordagem feita pela Marinha Americana.
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Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três endereços de Rodrigo Morgado

Justiça determinou o bloqueio e apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhão
Arma encontrada em casa de suspeito
Operação Narco Vela cumpre mandados de busca e apreensão
Dinheiro apreendido em operação da PF
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Foram apreendidos dois carros de luxo em nome do empresário

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Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três endereços de Rodrigo Morgado

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Justiça determinou o bloqueio e apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhão

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Arma encontrada em casa de suspeito

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Operação Narco Vela cumpre mandados de busca e apreensão

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Dinheiro apreendido em operação da PF

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Polícia Federal cumpre mandados em SP, RJ, MA, PA e SC

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Embarcação apreendida em Belém (PA)

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Operação investiga envio de drogas para a Europa via marítima

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Além da acusação de participação no tráfico internacional de drogas, Rodrigo Morgado é acusado de ameaça, calúnia, injúria e estelionato. Larissa registrou um boletim de ocorrência contra a empresa do CEO. De acordo com a mulher, sem autorização prévia, o proprietário da Quadri Contabilidade pegou de volta o Jeep Compass na casa de uma colega da ex-funcionária.

Rodrigo Morgado, por sua vez, afirmou que Larissa foi demitida por questões éticas e comportamentais. Ela alega que foi desligada após ter questionado a firma sobre as condições do automóvel, que, segundo ela, apresentava defeitos mecânicos.

Ao Metrópoles, a assessoria da Quadri Contabilidade explicou que o sorteio fazia parte de uma ação interna de marketing. O ganhador poderia usufruir do veículo durante o ano inteiro e, nesse meio tempo, deveria bater algumas metas de três em três meses.


Entenda o caso

  • Larissa Amaral da Silva ganhou um Jeep Compass em um sorteio da Quadri Contabilidade, de Santos, onde ela trabalhava.
  • Para contemplar a ganhadora, a empresa impôs condições, como continuar trabalhando por mais um ano e cumprir metas estabelecidas.
  • O carro, segundo a empresa, valeria mais de R$ 100 mil.
  • Larissa alega que o veículo tinha problemas mecânicos.
  • Ela diz que gastou cerca de R$ 10 mil com os consertos.
  • A auxiliar de contabilidade afirma que, ao questionar a empresa sobre os defeitos do carro, foi demitida.
  • O caso veio à tona em 10 de abril deste ano, quando Larissa usou as redes sociais para compartilhar a situação.
  • A demissão ocorreu antes de completar o tempo suficiente para manter o prêmio.
  • A documentação do automóvel estava em processo de transferência.
  • O carro, então, foi tomado de volta pela empresa.

Como não conseguia arcar com o IPVA do carro, Larissa decidiu sublocar o Jeep para outra funcionária da empresa, o que não era permitido pelo contrato, já que o veículo estava no nome da empresa e seria transferido para o nome dela no final do ano. Assim, ela teria que assumir a responsabilidade e os gastos de documentação, gasolina e IPVA. Ao final do ano, com as metas batidas, o carro seria passado para o nome dela.

Segundo a assessoria da empresa de contabilidade, a demissão ocorreu após a ex-funcionária ter começado a falar mal do plano de ação, com o qual ela mesma teria concordado e assinado, em outros setores da empresa.

Em nota nas redes sociais, o CEO Rodrigo Morgado explicou a situação. “O contrato firmado previa, de forma expressa, que a transferência definitiva do veículo ocorreria apenas em 13/12/2025, após o cumprimento integral das condições por 12 meses”, dizia a nota.

Já na postagem de Larissa, ela fala que, no fim do ano passado, foi premiada com o carro através de um sorteio entre os funcionários e que o automóvel apresentava problemas.

Segundo a nota da Quadri, o veículo havia sido vistoriado antes da campanha e, no momento em que Larissa procurou a firma para denunciar os defeitos, foi oferecida a opção de devolução imediata do Jeep. Ainda de acordo com o texto, Larissa teria escolhido realizar os reparos por conta própria. Depois de três meses, o carro teria apresentado problemas novamente e ela teria começado a pressionar a empresa para assumir os custos, o que contraria os termos contratuais.

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