A ministra de Estado para Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos, Reem Al Hashimy, defendeu na segunda-feira (28), no Rio de Janeiro, que o Brics seja uma ferramenta para ampliar parcerias econômicas e diplomáticas entre os países. A declaração foi feita durante uma conversa restrita e exclusiva com jornalistas, em agenda paralela à reunião dos chanceleres do bloco.
Com um discurso direto e centrado em comércio, colaboração e estabilidade, Reem Al Hashimy reforçou que o Brics pode ser muito mais do que um grupo político. Segundo ela, o bloco é uma “plataforma vital para a colaboração em temas econômicos, geopolíticos e cultural”, e um espaço para a construção de pontes entre países que buscam mais diálogo do que confronto.
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“Vemos o Brics como plataforma para colaboração, não para confronto”, disse a ministra.
Ela deixou claro que os Emirados Árabes veem o grupo como um espaço seguro para fazer negócios, firmar parcerias e acessar novos mercados.
“Também permite que se mantenha uma política de portas abertas, incentivando conexões abertas e dinâmicas globalmente e fornecendo um ambiente estável onde empresas e nações possam colaborar, acessar novos mercados e florescer”, afirmou.
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A fala veio em tom parecido com a do chanceler brasileiro Mauro Vieira, que também defendeu o Brics como um espaço de união, e não de conflito entre os países.
Ao longo do encontro, a ministra reforçou mais de uma vez o interesse do seu país em aprofundar laços com o Brasil. Segundo ela, os dois países compartilham prioridades e há uma visão comum sobre o valor das parcerias.
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“Nosso envolvimento reflete uma visão compartilhada para parcerias, tanto bilateralmente quanto pelo Brics, como pelo G20 e outros fóruns internacionais”, completou.

Para além do discurso diplomático, o que se ouviu foi uma proposta clara: os Emirados Árabes querem mais negócios, mais voos, mais acordos e mais Brasil. Reem Al Hashimy citou que o comércio bilateral não petrolífero entre os dois países passou de US$ 4 bilhões em 2023 e disse que a meta agora é ampliar esses números com investimentos em setores como infraestrutura, segurança alimentar, agricultura e logística.
A ministra também falou do interesse em reforçar a presença de empresas árabes no Brasil e, ao mesmo tempo, estimular a ida de empresas brasileiras para os Emirados. Segundo ela, “à distância não é uma barreira”, destacando que atualmente já existem quase 20 voos semanais entre os dois países e há articulação para expandir essa malha aérea. A ideia é aumentar a presença da Emirates no Brasil e tentar retomar os voos da Etihad Airways.
O ministro assistente para Relações Econômicas e Comerciais, Saeed Al Hajeri, também participou da conversa com os jornalistas e foi direto ao ponto:
“O Brasil pode ser esse caminho, essa porta de entrada para a América Latina”, afirmou o ministro.
Em tempos em que a diplomacia é colocada à prova e o mundo parece cada vez mais dividido, os Emirados Árabes estão apostando no comércio como ponte. O foco está menos em discursos ideológicos e mais em oportunidades práticas. E o Brasil, com sua grande economia e seu papel regional, aparece como um parceiro estratégico.
Acordo com o Mercosul
Na mesma conversa com jornalistas, Reem Al Hashimy revelou que os Emirados Árabes estão na reta final para fechar um acordo comercial com o Mercosul. A expectativa é que a assinatura aconteça ainda em 2025.
“Estamos na fase final da negociação com o Mercosul. Estamos interessados em fechar esses negócios logo e acredito que ainda este ano”, disse a ministra, reforçando o interesse da região no bloco sul-americano.
O acordo faz parte de uma ofensiva dos Emirados para ampliar sua rede comercial. O país já assinou 27 tratados desse tipo pelo mundo e, segundo Al Hajeri, quer usar o Brasil e o Mercosul como novos pólos de acesso a oportunidades na América Latina.
A aproximação com o Mercosul não é nova, mas ganha peso nesse novo cenário global em que parcerias comerciais podem significar mais do que apenas trocas econômicas — são também gestos de aproximação política e estratégica. O bloco sul-americano, por sua vez, vê com bons olhos a possibilidade de abrir um mercado com forte capacidade de investimento e que busca diversificação além do petróleo.
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